Quarenta e Dois - Salvação?

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Já não havia mais vestígios de que Corey estivera naquela cabana. Nem suas impressões digitais, provavelmente, denunciariam sua presença ali, uma vez que ele se empenhara em removê-las de todos os locais que acreditava ter tocado. Então agora estava sentado na cama, almoçando a última barra de cereal que lhe restara. O restante das coisas, queimou na lareira improvisada e as cinzas foram espalhadas pela floresta que o abrigara e protegera durante aqueles poucos dias. A única coisa que levaria consigo era um dos facões de caça que tinham na casa. Embora estivesse enferrujado e maltratado pelo tempo, teria sua utilidade. Corey só esperava não ser obrigado a usá-lo.

Esperava passar pelos guardas na fronteira da floresta sem causar nenhum problema. Não queria ferir mais ninguém. Ele o faria, se precisasse, mas a consciência pesaria. Só não pesaria mais se não saísse dali são e salvo para os braços de Melissa, então completasse sua vingança contra Danny Langdon. Era tudo o que Corey mais queria, e se pegou rezando sem nem ao menos se dar conta.

Os olhos estavam vidrados na paisagem verde que a floresta lhe mostrava e todos os seus pensamentos se voltavam para o ser divino no qual ele talvez nem acreditasse na existência. Entretanto, se algo ou alguém pudesse ajudá-lo naquela situação, esse algo ou alguém com certeza seria Ele. Corey sabia o quão controverso era seu pedido. Sair daquela situação vivo, para que então pudesse ele mesmo tirar uma vida. Não era uma troca justa. Mas sabia que se o algo ou alguém divino realmente existisse, estaria preparando a punição que Danny Langdon merecia. Então talvez Corey fosse o justiceiro escolhido, no final das contas.

O som de seus dentes remoendo os cereais era a única coisa que podia ser ouvida. Mas, assim como mais cedo naquele dia, o silêncio da floresta foi interrompido por passos que quebravam gravetos. E dessa vez os passos eram rápidos demais para Corey cogitar a ideia de bisbilhotar o paredão de árvores. Ele enfiou o último pedaço da barra de cereais na boca e a embalagem no bolso, então juntou o facão. A passos largos, deixou a cabana, mas parou quando chegou à porta.

— O que faz com esse facão? — Kate, a enfermeira que lhe ajudara na fuga, estava ali.

E ofegava como se tivesse acabado de correr uma maratona. Ou como se tivesse acabado de atravessar aquela floresta o mais rápido que suas pernas eram capazes de leva-la.

— Proteção. — Corey deu de ombros, esperou que ela subisse o barranco e deu passagem para que ela entrasse na cabana.

— Você não precisa se proteger de mim. Pode, por favor, abaixar isso? — pediu ela, inquieta.

— Tudo bem. — Corey jogou o facão sobre a cama. — Veio falar sobre a fuga dessa noite? – perguntou.

— Mudança de planos. — Kate balançou a cabeça em negação. — Você confia em mim? — Seus olhos verdes brilharam na direção de Corey.

Não parecia haver muito tempo para uma escolha. Ele apenas assentiu, acreditando que nada que viesse daquele rosto angelical pudesse machucá-lo. 

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Psicose (Livro I)Where stories live. Discover now