Vinte e Três - Mensagem Sobrenatural

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Caos talvez resumisse bem o estado em que se encontrava o St. Marcus Institute quando Melissa e Corey deixaram sorrateiramente a sala de arquivo. O tempo parecia ter voado lá dentro, mas do lado de fora... Do lado de fora era tempo demais para um prisioneiro ficar desaparecido. E uma médica também. Especialmente se tinham uma relação profissional.

Havia cinco ou seis guardas vasculhando salas naquele corredor, nenhum deles tinha se aproximado do arquivo ainda. Apenas um notou a presença de Melissa e Corey: Pete, o carcereiro chefe. Foi o suficiente para o sangue gelar em suas veias. Pete cerrou os olhos, como se para ter certeza de que eles estavam vendo o que estavam vendo. Depois franziu o cenho e, quando se deu conta de que não era uma miragem, abriu um sorriso de canto um tanto maldoso.

Melissa tinha noção de sua aparência. Ajeitara os cabelos o máximo que conseguira, enrolando-os em um coque alto. O jaleco estava amassado, a camisa também, e quanto a isso não pôde fazer muita coisa. Só o tempo faria suas bochechas coradas pelo "exercício" voltarem à coloração normal. Seus olhos, ela tinha plena certeza, brilhavam de maneira suspeita. Para isso também não havia uma solução.

Corey Sanders possuía características bastante semelhantes. E uma marca de batom na gola da camiseta que Melissa não tinha ideia de como ele explicaria. Torceu para que o guarda não fosse tão atento quanto ela.

— Acabei de encontrá-lo! — Pete informou, caminhando na direção deles.

— Onde? — um guarda, que estava dentro de uma sala que servia de depósito para móveis velhos, colocou a cabeça para fora.

— Está com a doutora Parker, podem voltar aos seus postos.

Os outros cinco guardas pararam no corredor e analisaram a inesperada cena por um breve instante. Melissa não captou em nenhum deles qualquer sinal de desconfiança. Parecia muito mais... Curiosidade. Afinal de contas, por onde estivera com Corey Sanders durante quase meia hora?

— Podem ir, acredito que estão precisando de vocês no helvete agora. — Pete ordenou mais uma vez.

Dessa, a ordem foi cumprida imediatamente. O carcereiro chefe esperou que eles estivessem bem longe para começar a falar.

— Se soubesse que teria que cobrir suas peripécias por mais de meia hora, não teria aceitado seu pedido, Sanders. Sabe o que tive que fazer para adiar a busca nesse corredor?

Melissa não teve outra reação, a não ser ficar boquiaberta. Interviu imediatamente.

— Isso foi premeditado?

— Ah, foi. — Sanders assentiu com um sorriso nos lábios.

Melissa deu um tapa no braço dele e repreendeu-o imediatamente.

— Você está completamente fora de si! — então virou-se para Pete — E você não deveria ser tão maleável quando se trata de um prisioneiro. Do helteve! Isso ultrapassa todos os limites possíveis!

— Shiu! — Pete falou — Quer que o hospital inteiro saiba que estão aqui? Aqueles guardas são de minha confiança, se eu disser que não viram nada aqui hoje, eles dirão que não viram nada aqui hoje. Fique tranquila.

Melissa falou mais baixo, mas continuou indignada:

— Fique tranquila? A última coisa que eu esperava era um funcionário apoiando um plano mirabolante de um prisioneiro! Você perdeu a cabeça?

— Devo minha vida à família de Sanders, não vi motivos para não atender ao pedido que me fez.

— Inacreditável!

Psicose (Livro I)Where stories live. Discover now