Te Entreguei Meu Coração ❤️ - Série Médicos Do Fim [FINALIZADO]

Capítulo 5 - Vocês tem vinte e quatro horas

Por volta das sete e meia da manhã, Melissa acordou sentindo o celular que estava embaixo do travesseiro vibrar sem parar. Ainda na cama, a médica levou o edredom até a cabeça e mudou de posição, mas não foi o suficiente para abafar o som do aparelho. Irritada, levou a mão até o celular e o retirou do seu lugar de repouso.

Ao abrir os olhos, viu que não tinha como ser o alarme para ir ao plantão no hospital, pois ele deveria ter despertado às cinco da manhã. Ainda sonolenta, desbloqueou o celular com a digital e desceu a aba de notificação. Melissa se deparou com mais de seiscentas notificações no YouTube e vinte mensagens de Beca Victor.

Antes de se levantar, ouviu batidas na porta, mas seu corpo estava tão pesado que não conseguiu se erguer.

— Melzinha, quero falar com você — Paulo disse, batendo na porta com a esperança de ser atendido. — Vai, abre essa porta, por favor?

— O que você quer? — perguntou, ainda deitada.

— Se você acha que o Fernando está do meu lado e eu o estou ajudando, está enganada. Mas é bom que você levante dessa cama logo! Vou contar até dez. Um, dois...

Melissa deu um pulo da cama, correu até a porta e a destrancou antes que o irmão chegasse ao número nove. Segundos depois, Paulo estava sentado na cama de Melissa, com os braços cruzados e com uma expressão nada boa.

— Você não tem nada para me contar? — interrogou, ainda com os braços cruzados.

— Não... — respondeu baixo.

— Tem certeza? — falou irônico. — Então eu vou refrescar sua memória, Melzinha. Há dois dias, você decidiu com sua inteligência fora do comum que trairia seu namorado. Mas não para por aí, você simplesmente fez isso na frente do hospital, Melissa! Você sabe que o "General Rafael" está explodindo lá embaixo, né?

Melissa confirmou com a cabeça.

— O que foi que deu em você? Sabe como o Fernando...

— Tá, tá bom! — ela o interrompeu. — Eu já conheço essa história melhor do que você.

— Então é bom você desembuchar logo, Melissa! — retrucou.

— Tá, mas não precisa me chamar de Melissa também, né?

— Que seja... — Deu de ombros. — Fala o que aconteceu, e não me esconda nenhum detalhe, tá me ouvindo? — Ele erguia os dedos enquanto falava. Hábito que herdou da mãe, que quando queria dar ênfase no que dizia, chamava a atenção do ouvinte gesticulando.

Melissa respirou fundo e deitou na cama. Ela pegou o celular novamente, olhou as notificações e viu que Fernando havia mandado uma mensagem nova, mas não teve tempo de lê-la, pois Paulo retirou o celular de suas mãos.

— Tudo bem, eu vou contar... — disse, ajeitando-se na cama. — Eu só queria que eles me ouvissem de uma vez, mas estava tão desesperada que tentei chamar a atenção daquela forma. Eu sei que tinha outro jeito de conversar com eles, mas poxa... É pedir demais? Eu só quero gravar meus vídeos em paz. Mas agora vejo que fiz uma burrada tão grande que nem sei como vou sair disso... — Neste instante, Melissa sentiu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto moreno. Ela realmente estava arrependida.

Paulo aproximou-se da irmã e, com delicadeza, levou as mãos até sua cabeça e a puxou contra seu peito. Repetidas vezes, ele dizia a mesma frase:

— Vai ficar tudo bem, Melzinha. Seu maninho mais velho está aqui, vai passar.

Mas enquanto declarava tais palavras, Melissa chorava mais. Paulo a abraçou mais forte enquanto alisava seus cabelos negros, pois sabia que dar carinho naquele local era capaz de fazê-la ficar mais calma.