Capítulo 25 - Droga, Melissa!

61 19 46
                                    

Melissa e Fernando ainda estavam abraçados quando ouviram um barulho de fechadura sendo trancada ecoando pelo quarto. Eles se olharam, saíram do abraço e seguiram em direção à porta. Fernando estendeu a mão e girou a maçaneta antiga, mas, quando a puxou, nada aconteceu.

Ele olhou para Melissa, fez uma cara de interrogação e voltou a puxá-la com mais força, mas novamente nada aconteceu.

— Será que está quebrada? — Melissa perguntou, preocupada.

Ela descruzou os braços, passou por Fernando e fez força com as mãos sobre a maçaneta, mas a porta seguiu imóvel. A fechadura era tão antiga que Melissa não conseguia entender como aquela "coisa velha" funcionava melhor do que as novas fechaduras digitais, mas o fato era que eles estavam trancados.

— Talvez tenha alguma coisa impedindo que ela abra, vou ligar pro Paulo! — Fernando sacou o celular do bolso da calça, mas antes de desbloqueá-lo, ouviu a voz do melhor amigo passar pela porta de madeira e chegar aos seus ouvidos.

— Não precisa, estamos aqui! — ele gritou do outro lado.

Melissa soltou o ar que estava preso em seus pulmões e pensou: "Finalmente estou livre".

— Graças a Deus! — disse, aproximando-se da porta, e encostou o rosto nela para que o irmão pudesse ouvir melhor. — Acho que a porta está quebrada, Paulo. Chame alguém para ajudar a abrir.

— Também não precisa, minha cara amiga — desta vez foi Rebeca quem gritou do outro lado. — Vocês dois estão proibidos de sair daí até que tudo esteja resolvido!

— Que brincadeira é essa, Rebeca? Abre esta porta agora! — Melissa reclamou, em seguida começou a tentar abrir a porta, mas, como não teve sucesso, resolveu bater na madeira.

Rebeca ignorou os gritos e batidas. Melissa continuou pedindo que eles abrissem a porta, mas todos estavam dispostos a ignorar seus pedidos, inclusive Fernando Walk.

Para ele aquela era a melhor decisão. Se dependesse da Melissa, sempre iam fugir da conversa que deveria ter acontecido há seis meses. Ele também não estava a favor de mexer no que o machucava.

No entanto, sempre que um paciente chegava no hospital com a pele dilacerada, querendo ou não, tinha que resolver o problema! Era seu dever remexer nas feridas para poder costurar tudo o mais rápido possível! Se o paciente gritasse de dor, a enfermeira adicionava mais uma dose de anestesia para o próprio bem da pessoa, e todos seguiam com as suturas até o fim.

Fernando Walk foi ensinado por Deus enquanto refazia esse processo por diversas vezes, e foi assim que entendeu que, na sua vida, querendo ou não, teria que lidar com as peles dilaceradas e era sua obrigação remexer nelas para que o machucado pudesse sarar sem danos maiores. Não entendia o tamanho da dor que seus pacientes sentiam, só sabia que eles estavam sofrendo, mas tinham que passar por aquilo para um bem maior, e, naquele momento, Fernando estava preparado para sofrer.

Era pelo seu bem.

O cantor afastou-se, puxou uma cadeira que estava encostada no canto do quarto, sentou-se e cruzou os braços enquanto observava Melissa Caller implorar por misericórdia mais uma vez.

— Rebeca! Abre esta porta, para com isso. — Melissa gritou, sem paciência.

— Nós voltaremos para liberar vocês amanhã, não saiam daí sem se perdoarem, entenderam? — Rebeca gritou do outro lado mais uma vez.

— Eu quero dizer que não estou de acordo com essa ação, mas não sei onde está a chave e não posso ajudar vocês, sinto muito! — pela primeira vez, Gustavo falou alguma coisa.

Te Entreguei Meu Coração ❤️ - Série Médicos Do Fim  [FINALIZADO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora