Prólogo

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Melissa sentou-se no banco amarelo da pracinha que ficava perto de sua casa e cruzou os braços. Ela estava realmente muito chateada com Paulo, seu irmão gêmeo e mais velho — mais velho por dois minutos.

Quebrar sua câmera favorita foi a gota d'água para ela!

Seu pai a comprou recentemente e Melissa tinha acabado de colocá-la em cima do sofá quando Paulo chegou em casa depois de andar de skate com seus amigos. Sem perceber ou ter atenção, jogou-se com tudo em cima do sofá e isso foi o suficiente para quebrar a lente da câmera.

Melissa tinha saído da cozinha com um prato de biscoitos caseiros, pronta para assistir seu desenho favorito. Mas a animação foi por água abaixo quando viu a lente quebrada nas mãos de Paulo.

— Melzinha... — o garoto tentou explicar — Me desculpa, eu juro que não foi de propósito! — exclamou, aflito, pois sabia o quanto aquilo era especial para a irmã.

— Você quebrou minha câmera? — ela disse, tentando processar o que estava vendo, e seus olhos começaram a encher de água.

Melissa correu até o irmão e puxou de suas mãos a câmera com força. Ainda olhando para o objeto estraçalhado, em uma tentativa falha, buscou grudar uma parte na outra, mesmo sabendo que era impossível.

— Não fica assim, Melzinha. Eu juro que foi sem querer. Olha, eu posso ligar pro papai. Ele vai te comprar outra... — tentou confortá-la, e acariciou seus cabelos longos e pretos.

— Você quebrou minha câmera, Paulo! — gritou, jogando-a no chão, danificando mais ainda o objeto.

— O que está acontecendo aqui? — a babá Maggie perguntou, aproximando-se das crianças. — Paulo, explique.

— Eu não vi que a câmera estava no sofá e acabei quebrando...

Melissa olhou para o irmão sentindo muita raiva. Depois correu em direção à porta da mansão, abriu-a e continuou correndo até a praça que ficava no condomínio.

Ela estava tão chateada, tinha muitas fotos únicas ali, mas perdeu tudo!

Ainda sentada, a garota levantou a cabeça e olhou ao redor assim que ouviu o barulho do carro de sorvete.

— Não acredito que, depois de perder minha câmera, ainda vou ficar sem o sorvete de laranja que o tio Bruno faz. Que raiva! — reclamou, chorando.

O carro parou perto da praça. Muitas crianças foram em direção a ele para comprar o sorvete. Melissa as viu superanimadas enquanto compravam e queria ter o dinheiro, porque o sorvete podia trazer um pouco de ânimo naquele momento. Então, a menina não aguentou ficar olhando, abaixou a cabeça e voltou a chorar.

— Ei! — alguém a chamou e começou a passar as mãos carinhosamente entre os cabelos dela.

Melissa ergueu a cabeça e o viu. Era moreno, magro e com os olhos verde-esmeralda. O menino sorria e segurava um sorvete de casquinha sabor laranja nas mãos, e ele já estava derretendo.

— Comprei pra você! — estendeu o sorvete no ar.

Ela arqueou a sobrancelha e descruzou os braços.

— Por que está me dando isso? — perguntou, desconfiada.

— Acho que... — antes de continuar, foi interrompido pelos pais, que estavam de longe o esperando. Eles estavam próximos de um carro preto supercaro, provavelmente era o deles. — Eu preciso ir, mas você pode ficar com isso. Acho que vai gostar.

— Eu não quero... Papai disse pra eu não aceitar nada de estranhos — respondeu, cruzando os braços novamente.

O garoto riu.

Te Entreguei Meu Coração ❤️ - Série Médicos Do Fim  [FINALIZADO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora