Capítulo 7 - Muito prazer, Gustavo Mark

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— O que é isso? — Ela cruzou os braços, olhou fixamente para o pai enquanto sentia a raiva percorrer seu corpo.

— Filhinha, realmente pensou que eu ia deixar você fazer essa bagunça toda sem receber nenhuma punição? — Rafael disse, irônico.

— Foi exatamente por isso que fugi de você, papai!

— Assine — disse, empurrando o contrato. — Vamos, Melissa, eu não tenho a noite toda.

— Não vou assinar nada que eu não tenha lido — disse, ríspida. Em seguida, levantou, pegou a bolsa e virou-se para sair de lá o mais rápido que conseguia.

— Melissa! — Rafael gritou. Depois, o médico, mancando por causa da perna enfaixada, foi em direção à filha com o papel nas mãos. — Tome, eu quero este contrato assinado na minha mesa amanhã, entendido?

A médica puxou o documento das mãos do pai e virou-se para sair do local, mas antes de alcançar a porta, ouviu Rafael a chamando novamente:

— A propósito, Fernando embarca para a Ásia esta noite. Parabéns, Melissa, você conseguiu o que tanto queria.

Ela congelou. Sentiu uma lágrima solitária escorrer logo depois de ouvir as palavras do pai, mas não ficou ali por muito tempo. Caminhou em direção à porta de madeira e, em seguida, fechou-a com força. Melissa passou pela mãe sem dizer nenhuma palavra, pegou as chaves do carro, que ficavam na bancada, perto da porta de vidro da mansão, e caminhou em direção ao estacionamento.

Antes de entrar no veículo, Melissa ficou em pé do lado de fora olhando ao redor, buscando raciocinar para onde deveria ir. Depois de lembrar de um lugar onde ninguém a incomodaria, entrou no automóvel e deu partida. Finalmente, às oito e trinta da noite, a médica estacionou a aproximadamente dez metros da praia. Ela caminhou lentamente enquanto sentia que seu corpo poderia desabar a qualquer momento, mas tratava de respirar profundamente a cada vez que seus sentidos falhavam.

Melissa sentou-se na areia ainda trêmula, com o contrato nas mãos. Olhou para frente, analisou a Lua cheia e brilhante refletindo sua luz na água salgada e imediatamente sentiu paz. Depois, abriu a pasta onde estava o acordo que seria obrigada a assinar e começou a ler:

Contrato de liberdade.

— Onde eu fui me enfiar? — falou, depois de ler o título do documento. E então continuou a leitura:

Melissa Caller deve ser a única responsável por todo caos que realizou. A médica se propôs a trabalhar por mais um ano e meio na empresa do pai, Rafael Caller, como forma de pagamento dos danos causados ao mesmo. Depois do período combinado, Melissa poderá trabalhar onde desejar. A quebra deste contrato por ambas as partes será equivalente a 200 mil dólares.

Melissa parou de ler e deixou uma lágrima solitária escorrer. Não tinha pensado que chegaria até aquele ponto. Tinha perdido tudo em menos de um mês e não sabia o que ia fazer, não sabia mesmo. Na verdade, só desejava ficar naquela praia até que tudo acabasse, mas isso não ia acontecer.

De repente, sentiu o celular vibrar dentro da bolsa que tinha levado consigo, e quando olhou para a tela dele, viu que um alarme estava tocando:

Orar com Fernando.

Esse era o título do alarme. A médica apertou no X fazendo o alarme ser cancelado. Ainda observando o céu e as estrelas, começou a chorar depois de lembrar que nem teve a oportunidade de dizer adeus ao ex-namorado.

— Está tudo bem, moça? — um rapaz perguntou, aproximando-se.

Melissa ergueu a cabeça e viu a figura de um homem. Era razoavelmente alto e magro, o cabelo loiro e liso estava penteado de um jeito bagunçado. Usava um terno azul, tinha uma mochila nas costas e parecia ser bem cara. Além disso, ele segurava duas garrafas de água gelada nas mãos.

Te Entreguei Meu Coração ❤️ - Série Médicos Do Fim  [FINALIZADO]Where stories live. Discover now