Capítulo 14 - A nova realidade

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Melissa percebeu que já estava parada em frente à porta do elevador. Ela seguia sentindo a adrenalina percorrer por suas veias e, enquanto orava por Kézia, começou a apertar o botão compulsivamente para que a porta fosse aberta. Uma inundação de desespero invadiu seu corpo e, mesmo ouvindo Paulo e Gustavo gritarem por seu nome, não teve paciência para esperar a grande caixa de metal chegar naquele andar. Abriu a porta que dava nas escadas do prédio e começou a correr.

Ela saltava entre os degraus largos da escada ainda em oração, intercalando entre correr e pular ao mesmo tempo. No momento em que viu a numeração do andar que Kézia estava, abriu a porta para sair das escadas e passou pelas enfermeiras como um furacão! Ao avistar a sala da paciente, a médica correu mais rápido.

Ao chegar no local, percebeu que a porta estava aberta, e três enfermeiras estavam andando de um lado ao outro com agulhas e medicamentos. Melissa correu em direção à maca e retirou o estetoscópio do pescoço, em seguida o colocou nas orelhas e depois o pousou sobre o peito da menina indefesa à sua frente. Os batimentos estavam muito fracos, e Melissa sentiu que ia perdê-la.

— O que houve? — perguntou ainda checando o pulso da criança.

— Não sabemos, ela acabou de voltar da quimioterapia e estava bem, mas de repente ouvimos os equipamentos apitar — a enfermeira mais velha respondeu.

— Tudo bem, eu preciso de... — ela não conseguiu completar a frase, pois foi interrompida pelo "pi" da máquina.

Quando direcionou os olhos para a paciente, percebeu que Kézia estava tendo convulsões frenéticas. Neste momento, sentiu um aperto no coração, e sua visão ficou turva. Antes que pudesse fazer qualquer coisa para estabilizá-la, perdeu os sentidos por alguns segundos e apoiou-se na barra da cama para não cair no chão.

As enfermeiras começaram a chamá-la, mas Melissa não conseguia mover as pernas. O pânico de perder mais uma pessoa passava por sua mente. Ela piscou várias vezes para que sua consciência pudesse voltar ao normal, mas não teve sucesso.

A máquina continuava apitando e logo duas enfermeiras ágeis correram para segurar os braços e pernas de Kézia. Enquanto isso, a outra acompanhava Melissa na tentativa de fazê-la voltar a si. A médica piscava e respirava fundo ainda tentando voltar à razão quando ouviu a máquina que estava ligada ao coração da criança fazer um barulho agudo soar por todo o quarto. Em seguida, Kézia parou de chacoalhar na cama.

As enfermeiras se olharam em pânico, pois não tinham autorização de fazer qualquer procedimento sem o auxílio da médica responsável, que no caso se encontrava sentada na cama ao lado, em pânico. Uma das mulheres, que era mais experiente que as outras, ficou mais perto do corpo de Kézia tentando pensar em uma solução rápida.

— O que nós fazemos? — a estagiária perguntou apavorada.

— Eu não sei, mas não podemos deixar a menina morrer assim! — a morena que estava ao lado de Melissa disse.

— Eu liguei para Gustavo e Paulo agora há pouco, mas o elevador que eles estavam parou e acabaram ficando presos lá — a estagiária voltou a falar.

— Então chame o doutor Rafael, agora! — a senhora mais velha gritou.

— Na verdade... — a estagiária falou sem jeito — ele saiu para uma reunião e não vai voltar hoje.

— Meu Deus! — a senhora disse, quase entrando em pânico. — Neste hospital deve ter mais médicos desocupados, não é possível.

— E agora? — a enfermeira que estava com Melissa disse, depois olhou para a médica, percebendo que ela não ia dar conta do recado.

Te Entreguei Meu Coração ❤️ - Série Médicos Do Fim  [FINALIZADO]Where stories live. Discover now