Te Entreguei Meu Coração ❤️ - Série Médicos Do Fim [FINALIZADO]

Capítulo 22 - Então, eu sou a vilã?

— Fernando! — Kézia gritou, quase soltando da cama.

— Sim, eu mesmo — respondeu empolgado, depois abriu os braços e foi em direção a ela, dando-lhe um abraço superapertado. — Sentiu minha falta?

— Claro! — gritou empolgada. — A Bia também sentiu, mas que pena que ela tá dormindo agora, né?

— Sim, mas eu prometo que venho visitar vocês mais vezes, tá bom? — disse, e alisou a cabeça dela, mesmo com a touca. — Como ficaram as coisas depois que viajei?

— Muito, muito, muito solitárias — respondeu, colocando as mãos na testa para dar ênfase nas palavras. — A Melissa também sumiu, o que aconteceu com vocês?

Ele passou as mãos pelos cabelos para tentar encontrar a maneira certa de responder.

— Fernando?

— Oi? Ah, então, Kézia. Na vida... — ele começou a falar, depois de coçar a garganta. — As pessoas às vezes escolhem caminhos diferentes e então...

— Vocês terminaram, né?

— O quê? — perguntou, surpreso. — Quem te disse isso?

— Eu posso ser criança, mas não sou boba. E além disso, ouvi a enfermeira Lili dizer que vocês terminaram e que por isso você foi embora. Mas Fernando, por que você não ficou com ela?

— É complicado, Kézia. E a enfermeira Lili não deveria sair falando essas coisas por aí... Depois eu vou ter uma conversa com ela e...

— Ah, não! — disse, segurando nas mãos dele. — A enfermeira Lili não tem culpa! E é melhor você e a Melissa voltarem a namorar, já concordamos que eu seria a dama de honra dela e da Rebeca, você não pode acabar com meus planos, sabia? Eu até já desenhei meu vestido. — Ela soltou as mãos de Fernando e enfiou a mão embaixo do travesseiro, tirando de lá um caderno de desenho rosa. Depois abriu e o estendeu para que ele pudesse ver o tal desenho.

No desenho, Fernando estava ao lado de Melissa. Ele, com um terno pintado de preto; e Melissa, com um vestido de noiva extremamente grande pintado de rosa. Já ela, estava entre eles, com um vestido tão espalhafatoso quanto o de Melissa e sorria. Tudo bem que o desenho era desajeitado e até esquisito, mas ele, de alguma forma, sorriu assim que terminou de vê-lo. Desejou que aquilo se tornasse tão real quanto era para Kézia.

— Viu? — Ela puxou o caderno das mãos dele. — Então é melhor vocês se casarem, tá me ouvindo? — disse, autoritária.

Fernando riu do exagero dela e levantou-se.

— Eu venho te ver mais tarde, quando a Bia já tiver acordado, tá bom? — disse, depositando um beijo na testa dela. — Te vejo mais tarde.

[...]

Fernando estava sentado na cadeira em sua sala com as mãos na cabeça e, de tempos em tempos, olhava-se no espelho redondo que estava preso na parede à sua frente. O cantor observava seu reflexo, guiava seus olhos até seu rosto perfeitamente milimétrico e abria um sorriso toda vez que parava diante de seus olhos verde-esmeralda.

— Eu odiava essa cor... — Balançou a cabeça, ainda se olhando no espelho. — Você conseguiu me fazer enxergar beleza em algo que eu odiava em mim. Por que tinha que acabar assim, Melissa?

O médico voltou a passar as mãos pelos cabelos encaracolados e, por fim, curvou a cabeça arrependido.

— De novo, Deus! Fui machucado de novo... — disse, decepcionado.

Fernando Walk nunca imaginou que, depois da morte dos pais, ia ter de passar por aquele vale novamente. Para ele, Melissa Caller sempre foi alguém capaz de fazê-lo superar a dor. No entanto, no fundo do seu coração, entendia que o Único capaz de curar suas feridas era Deus, mas tinha se acostumado tanto com a maneira que Melissa o fazia esquecer de tudo, que não lembrava que a dor não deve ser esquecida, mas curada!