Capítulo 13 - O inicio do caos

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— Você pode parar aqui? — Rebeca perguntou, apontando para a esquina. — Eu não quero causar mal-entendidos. Me deixe aqui, por favor. Eu vou andando.

Eles estavam a mais ou menos dois quarteirões de distância do hospital. Paulo parou em uma esquina, próximo a um semáforo e destravou as portas. Rebeca pegou a bolsa, retirou o cinto de segurança e desceu do carro rapidamente. Eles não se despediram, ambos decidiram que fosse assim. E Paulo viu Rebeca se distanciando ainda ajeitando a bolsa no ombro.

Ele lembrou dos velhos tempos, quando Rebeca decidiu pelos dois que ninguém deveria saber sobre o relacionamento deles. O médico não teve escolha. Na época que levava a blogueira para o trabalho, por "livre e espontânea opressão", era "obrigado" a deixá-la naquele quarteirão.

Paulo revirou os olhos e balançou a cabeça tentando fazer aqueles tipos de lembranças irem embora. Afinal, o rompimento do casal tinha sido conturbado, sem esclarecimentos ou resoluções de problemas menores. Apenas terminara. E Paulo sabia, a culpa era dele.

Ele ligou o carro novamente, pisou no acelerador e seguiu até o hospital. Fez questão de evitar olhar para as calçadas. Não queria ver Rebeca de novo naquele dia, assim escaparia das lembranças que estavam sendo jogadas em sua mente como se fosse um soco no seu estômago.

No estacionamento, Paulo viu um aglomerado de médicos. Avistou Gustavo e Melissa andando de um lado ao outro com os smartphones encostados nas orelhas. Pareciam nervosos. Ele desceu do carro, pegou a mochila e guardou o potinho que havia usado minutos atrás. Depois, caminhou apressadamente até o conglomerado de médicos e, antes que pudesse lhes fazer alguma pergunta, ouviu o barulho da sirene da ambulância.

Hoje o dia vai ser cheio, pensou.

Depois de caminhar até a entrada do hospital, posicionou-se ao lado da irmã gêmea e esperou o veículo parar. Os enfermeiros desceram do carro, abriram as portas traseiras e de lá o paciente foi retirado.

— Homem, aparenta ter trinta anos, estava preso nas ferragens — o enfermeiro que desceu da ambulância disse. — Um acidente ocorreu na ponte que foi inaugurada recentemente — continuava falando ainda retirando a maca do carro. — Metade da ponte desabou e muitos carros foram jogados com tudo dentro do mar. Os bombeiros estão tentando ajudar. Está uma confusão lá fora!

Enquanto ele falava, mais duas ambulâncias chegavam na velocidade "da luz". As portas traseiras foram abertas e mais quatro feridos foram retirados de lá.

— Melissa, você cuida do primeiro. Vocês vêm comigo — Gustavo apontou para Paulo e mais dois alunos do último ano. — Fiquem perto, hoje o dia vai ser puxado, é melhor vocês terem dormido muito bem essa madrugada.

Ninguém respondeu nada, caminharam em direção às macas enquanto Melissa passava pelas portas de vidro acompanhando o primeiro paciente. Segundos depois, eles entraram no hospital e guiaram duas macas para o elevador e viraram à esquerda até a sala de cirurgias.

[...]

Dentro do hospital, Melissa já tinha encaminhado o homem ferido até a cabine liberada.

— Qual a situação dele? — ela retirou o estetoscópio do pescoço e o posicionou no peito do homem.

— Foi um dos primeiros a ser resgatado pelos mergulhadores, mas perdeu muito sangue. Teve parada cardíaca no caminho, mas estabilizamos. A perna também está quebrada, precisamos correr! — o enfermeiro falou rapidamente.

— Tudo bem, obrigada. — A médica clicou em um botão da cabine e logo uma cortina de vidro começou a correr, vedando assim todo aquele compartimento. — Precisamos fazer o osso voltar para o lugar, me ajude — pediu para a enfermeira que observava esperando os comandos dela.

Te Entreguei Meu Coração ❤️ - Série Médicos Do Fim  [FINALIZADO]Where stories live. Discover now