Te Entreguei Meu Coração ❤️ - Série Médicos Do Fim [FINALIZADO]

Capítulo 30 - Você também está errada

— Oi, meu amor — Evelyn disse assim que viu Melissa abrir os olhos.

— Mamãe? — perguntou ainda sonolenta.

— Oi, como você se sente? — disse, sem tirar os olhos da filha.

— Cadê todo mundo? — Melissa perguntou, mas logo uma dor de cabeça começou, o que a fez levar a mão até ela.

Melissa tentou se sentar, mas ainda estava sonolenta e tombou o corpo para trás, todavia, sua mãe foi mais rápida! Evelyn levou as mãos até as costas da filha e a segurou com firmeza, em seguida, enquanto a segurava com uma das mãos, estendeu a outra até um travesseiro que estava em cima de uma cadeira e colocou atrás das costas da filha. Depois disso, voltou a caminhar e sentou-se no sofá de dois lugares rechonchudo que ficava um pouco distante da cama. Após isso — como sempre fazia ao se sentar —, cruzou as pernas e voltou a analisar a filha.

— Eu soube de tudo... — disse sem rodeios, o que era uma de suas características mais visíveis. Ela definitivamente não gostava de alongar um assunto que poderia ser resumido. Rápido e direto ao ponto, essa era a característica de suas conversas.

— Não acredito que ele fez isso! — Melissa reclamou quando recordou as últimas lembranças. — Como você é capaz de ainda ser casada com esse homem? — ela voltou a falar em um tom que Evelyn nomeou de "a fúria de Melissa", pois o timbre e o jeito que a filha usava para falar dava para perceber claramente o tamanho de sua raiva.

— Embora você esteja chateada, esse homem ainda é seu pai, Melissa — disse pausadamente. — Inclusive, quero te fazer lembrar de um momento que talvez você tenha esquecido... Lembra de quando você era criança e seu pai comprou aquela estante enorme de madeira? Ele procurou por toda a cidade o melhor móvel para você poder guardar sua coleção de câmeras.

— Por que você está falando sobre isso agora? Logo agora?

— Porque "esse homem" — ela deu ênfase no "esse homem" enquanto fazia aspas com os dedos — foi o mesmo homem que incentivou você a seguir esse sonho, Melissa.

— Você está defendendo ele? Pelo amor de Deus, mãe! — aumentou o tom de voz, dando mais destaque à sua insatisfação. — A senhora deveria ser a primeira a odiá-lo, não acha?

— Em primeiro lugar, mocinha, fala direito comigo... — ordenou, sem parecer rude. — Em segundo lugar, você está me dizendo que devo odiar alguém por causa de um erro? Sério, Melissa? Estou ouvindo essas coisas vindo de você? Isso não é hipocrisia?

— Já entendi aonde você quer chegar... — Melissa abaixou a cabeça e começou a remexer na barra da blusa que usava. Ela sabia por que sua mãe estava ali e, sem dúvidas, não estava preparada.

— Desde quando você era pequena, seu pai sempre buscou fazer o melhor para você, eu não aprovo o que ele fez com seu canal, mas desde que o mundo é mundo, Rafael mostra o amor de um jeito nada convencional. Como daquela vez que estávamos de férias e você quis uma câmera que estava na vitrine de uma loja. A dona não quis vender, pois alguém já havia reservado a câmera, então seu pai simplesmente ligou para o advogado e, no mesmo dia, comprou a loja da mulher. — Evelyn parou de falar quando viu a filha fungar. — Olha só, você ainda lembra disso, não lembra? — Ela se levantou, andou até a mesa de madeira que ficava do lado do sofá, esticou as mãos e pegou a caixa de lenço umedecido, depois voltou a caminhar e parou de frente para a filha.

— Por que está me dizendo essas coisas? Quer acobertar o que ele fez? — questionou, ainda sentindo-se chateada. — Que tipo de amor é esse que impede o outro de decidir por si mesmo o que quer fazer? Mesmo que ele tenha tentado demonstrar que me ama e queira o meu bem, o resultado de suas ações só trouxe miséria! Eu nunca vou perdoá-lo, mamãe...