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Uma fisgada dolorosa foi um dos motivos que fizeram Silvana despertar, além do toque em seu joelho. Seus lábios, mesmo com o gosto amargo, conseguiram murmurar algo incoerente.

Patrícia a encarou esperando que voltasse a dizer mais alguma coisa. Mas ela insistiu novamente, e Silvana finalmente chegou a responder em meio a sua sonolência. Ela esfregou com a palma da mão uma de suas pálpebras, antes de abri-la.

-... que horas são?

- Já são sete.

- E precisava me acordar tão cedo assim?

- Eu vim para te chamar para tomar café.

-... hmmm - virou-se entre as cobertas.

- Alberto me disse que ele e o motorista tiveram que trazer você para o quarto.

- Hãm - murmurou - Parece que um caminhão passou por cima de mim.

- Parece mesmo... - suspirou - Pelo visto, a noitada foi boa.

- Com quem você está aprendendo esse vocabulário horrível, Patricía?!

- Todos nós jovens de hoje em dia falamos assim - provocou.

- Tá, tá - estalou a língua - Mas quem dera se uma noitada mesmo! Extravasar na bebida, beijar quantas pessoas eu quiser... mas não! Envés disso, recebi apenas desprezo e mais discussão para a minha relação!

- Aconteceu alguma coisa entre você e o Adam?

Silvana a encarou durante um bom tempo.

- É! Foi com o amado, o mais adorado e defendido, Adam! - gritou histérica -... depois de ontem eu nem sei se temos mais alguma coisa...

-... isso é muito sério, Silvana.

- Mas eu não quero lembrar! Eu quero poder dormir em paz. E por favor, ordene à Alberto que não permita a entrada de que ninguém mais em meu quarto!

- Tudo bem - afastou-se - E por precaução, tome banho e alguns remédios para aliviar a dor de cabeça, que com certeza vai vir.

- Deixe de quem cuide de minha vida, cuide eu! - disse, batendo suas costas contra o colchão.

- Se você diz...

Ao fechar a porta do quarto de sua prima, Patrícia pegou em sua própria nuca, pensando no que tinha discutido com Silvana. Mesmo sabendo do noivado e relacionamento de sua prima, passou a questionar se ela tinha um real sentimento por Adam, e o porque dela parecer tão explosiva ao se referir à ele em sua presença.

- Será que você o ama mesmo, Silvana? - sussurrou - Será isso o amor?

Adam nunca se sentiu tão mal quanto naquela manhã, ao acordar. Mesmo que sentisse a paz e o consolo de Deus, se sentia sujo para dizer algo ao Pai.

Mas além de estar deprimido, com sua falha, ele estava mais ainda pelo fato de ainda estar tendo algo com Silvana. De saber que corria o risco de ser mais infeliz ainda no futuro.

Relutante, afastou as cobertas e tomou um banho gelado sem se importar se doeria em sua carne, a final, seria por ela que chegaria nunca mais a olhar para si mesmo caso cedesse ao que aconteceu. Em seu closet, escolheu uma calça e blusa clara, por cima dela uma blusa de mangas curtas, sapatos confortáveis, um óculos e relógio.

Vera foi a primeira pessoa em que viu assim que saiu do quarto.

- Bom dia, Adam.

- Bom dia, Vera.

- Você já vai tomar café?

- Na verdade, eu vou ir em alguma cafeteria próxima. Eu preciso descansar minha mente.

Simplesmente, Você | Livro I Where stories live. Discover now