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Quando o tempo estava nublado, Mavi levantou-se bem cedo para queimar a lenha e aquecer o ambiente. Fez o café, deixando-o pronto para esfriar, indo parar em seguida no tronco de árvore com as mãos em seus joelhos. Sua mente estava tão distante, que ela chegou a saltar com a presença de quem menos esperou ver naquela manhã.

— NINA!

Ela correu para os braços de sua amiga, a apertando com força. Nina gargalhou baixo, permitindo o abraço de Mavi, e ela levá-la para o lugar aonde estava sentada para ficar ao seu lado.

— Me desculpe, Mavi, por não ter vindo esses dias vir te ver.

— Não, está tudo bem, Nina.

— Eu não queria te incomodar ou...

— Está tudo bem. Eu também precisava ficar pelo menos um tempo sozinha — deu de ombros — E como você está, em? Como sua avó está, em?

— Está bem, e morrendo de saudade. Inclusive, mandaram eu vir aqui quando souberam que eu viria te ver.

Só naquele momento Mavi notou, que nas mãos de Nina, havia um pote de plástico. Quando abriu e soube que eram bolinhos de chuva com recheio de creme de leite, seus olhos soltaram de alegria.

— Ai, meu Deus! Eu amo bolinhos de chuva. Já tem um tempo que eu comi um.

— Que bom, Mavi!

— Eu vou guardar para comer mais tarde — sorriu, guardando bem o recipiente.

— Você não me disse como está.

—... eu estou bem.

— Não mente pra mim, Mavi. — a fitou — Desde quando eu cheguei, eu notei que você estava muito mal.

— Ah — deu de ombros — Isso foi impressão sua.

— Mavi.

Ela suspirou. Levou suas mãos as de Nina.

— Na verdade, Nina. Eu venho carregando uma tristeza enorme dentro do meu coração. Uma tristeza que eu não estou suportando mais.

Nina a puxou para si, testemunhando as primeiras lágrimas de Mavi que já começaram a cair.

— Você está sofrendo muito ainda pela perca do Genésio, não é?

— Sim, mas... se fosse apenas isso.

Nina se fez uma certa distância, lançando um olhar questionador e confuso para sua amiga.

— Do que você está falando?

— É, que... é que... — engoliu com força o nó agarrado em sua garganta — Querem me tirar as crianças. Querem levar os únicos que me restaram como família, Nina! Os únicos!

— Meu Deus! Como assim?

— O Adam, ele me disse que tem umas pessoas que querem fazer isso, porque souberam da real situação em que eu vivo. Só porque somos mendigos eles querem isso!

— Calma, Mavi. Calma.... olha, eu não acredito nisso. Quem poderia fazer uma coisa dessa?

— Eu também, não sei. Mas é alguém muito cruel!

— Com certeza. Mas como? Quem? Quando?

— Foi por causa do hospital. Pelo visto eles ficaram bem de olho em mim só pra me dedurar depois... Agora, eu tenho pouco tempo com os meninos para levar eles. — a olhou — E se isso não acontecer, eles irão caçar à nós como ratos até encontrar. E quando isso acontecer, irão nos levar a força! — contou — Os meninos vão para um orfanato, onde eles podem sim sofrer. E eu... eu... — arfou —... eu posso ser presa.

Simplesmente, Você | Livro I Where stories live. Discover now