26

15 3 3
                                    

Soltando o cabelo sobre o robe de cetim, Silvana reparou mais uma vez em seus olhos. Seus dedos passaram por sua face, e depois para seu queixo onde bateram um de cada vez. Ela andou para a janela, cruzando os braços lentamente enquanto seus olhos vagaram pelas luzes que podiam ser vistas da cidade.

Um sorriso formou em sua face ao lembrar da cara de espanto em que seu noivo fez ao vê-la de uma forma jamais antes assistida. Silvana gargalhou, concluindo consigo mesma que ele devia estar criando medo depois daquilo. Mas não demorou muito para que seu humor caísse. Seus olhos puderam a mostrar muito bem Adam andando com vestes de frio, em direção ao carro que havia acabado de parar próximo a fonte.

— Não pode ser... — sussurrou — Como ele pode ter a coragem de sair depois de tudo o que aconteceu? — pesou seu corpo em sua mão, que parou na parede ao lado da janela de vidro.

O carro manobrou, seguindo seu caminho para fora da mansão. Silvana nunca desejou tanto que os pneus de um carro estourassem.

— Mas se você acha que ficará simplesmente assim, você está muito enganado, Adam!

Silvana virou-se de vez, sentindo os olhos queimarem. Todo o seu movimento foi parado quando pôde sentir um soco vir contra seu cérebro, o sacudindo.

— Ai... o que eu tenho? — cambaleou.

Tudo pareceu dar um giro de trezentos e sessenta graus em sua visão. Uma dor aguda atravessou seu peito, a deixando sem condições nenhuma para manter-se em pé. Seu corpo bateu de forma brusca contra o chão, seus olhos se fecharam e a escuridão a impossibilitou de manter-se consciente.

Prestes a descer de onde estava, Mavi hesitou ao reconhecer o carro que tanto desejou ver aquela noite. Seus olhos se iluminaram mais ainda ao ver Adam descer do automóvel, segurando o meio de seu casaco de botões. Ele esfregou a nuca, e cabisbaixo seguiu pelo corredor.

Mavi o assistiu atentamente, sem se importar estava sendo vista por mais alguém. Ela queria apenas ser notada por ele. Entretanto, ele não correspondeu ao chegar. Mavi não soube o que fazer no primeiro momento, mas tudo o que queria era que ele a viesse.

Então, afastou a vergonha que tinha, passando a chamá-lo como se ele fosse um gato.

Adam estranhou ao escutar os sons, olhou ao redor para saber se era alguém ou uma alucinação de sua cabeça. Escutou mais uma vez, até que o "aqui em cima", o fez achar a verdadeira causadora.

— Mavi?

Ela deu uma risadinha, pondo um dos dedos nos lábios em sinal silêncio. Adam se aproximou lançando um olhar para a jovem.

— O que está fazendo ai encima?

— Eu estava te esperando.

— Me esperando?

— Mas é claro... Achou mesmo que eu não iria?

— Eu confesso que não cheguei a pensar que fosse dessa forma... Lembrando que você pode perder seu lugar na fila.

— Quanto isso estou bem tranquila. Depois daquele lanche, a fome não bateu na minha porta.

— Que bom, então — pôs as mãos na cintura — Agora, de verdade. Desça. É perigoso.

— Não acho que seja tão perigoso — olhou para cima — Me sinto pertinho do céu.

— É para lá que você irá se você não descer.

Mavi o olhou surpresa.

— Está tirando com a minha cara?

— Eu? Não... Você que está pensando nisso.

Simplesmente, Você | Livro I Where stories live. Discover now