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Retirando o casaco aos poucos dos braços, depois de um momento tão doloroso em sua vida, Adam prosseguiu em direção à escadaria. Depois de tudo aquilo, queria apenas dormir e logo pela manhã, tentar achar uma solução para aquilo tudo.

Ele mesmo havia ficado responsável por assinar o atestado de óbito de Genésio, e o seu enterro o qual sequer iria unir pessoas para lamentar sua morte. Poucos dos funcionários do hospital se disponibilizaram em ajudar, que outros demonstraram insatisfação e desprezo por Genésio, como se o mesmo, não houvesse nenhum valor já que era um morador de rua...

Para aonde Mavi poderia dormir com os meninos, ele confiou em Nina e chegou a contar sobre tudo o que aconteceu. Ela lamentou muito, e abrigou Mavi com as crianças naquela noite, com amor. Mesmo que soubesse que sua amiga estava bem e com pessoas, aparentemente de confiança, sequer estava conseguindo retirar a jovem da sua mente. Em como ela deveria estar, se estava chorando ou se estava em um sono profundo para que sua mente estivesse distante de toda aquela dor.

Adam soube perfeitamente que não iria conseguir dormir aquela noite. E ao envés de passar ela com outras coisas, pensando sobre Mavi, decidiu virar a madrugada orando e jejuando por aquelas vidas que se tornaram tão importantes em tão pouco tempo.

Quando o sol raiou no horizonte, Adam se apresentou já de pé, trajando vestes quentes para aquela manhã. Orou uma última vez, e assim partiu para fora do cômodo.

- Adam? Para aonde está indo a essas horas, meu filho? - questionou Lúcia, puxando as abas do roupão que usava, assim que o viu.

- Ah, mãe - aproximou-se, dando um beijo no rosto da mesma - Bom dia. Eu tenho que ir a um lugar para ver algumas pessoas.

- Ai, meu Deus. Aconteceu alguma coisa? Você quer que eu te acompanhe e juntos...

Lúcia não fazia a menor ideia do que poderia ter acontecido na noite anterior, já que havia deixado o lugar que o seu filho a levou em pouco tempo.

- Não, mãe. Não será necessário - a interrompeu, afastando-se - Mas ore. Ore para que eu consiga fazer algo que resulte em algum bem.

- Claro, meu filho. Eu irei orar... Se você quiser usar o meu carro, as chaves estão nele e ele está destrancado.

- Muito obrigado, mãe.

- Mas tome cuidado. Mantenha os faróis bem acesos e fique atento, se entrar em curvas dê sinal.

- Pode deixar, eu vou tomar cuidado - a deu um último beijo no rosto, antes de deixá-la.

Lúcia apertou a mão contra o peito, preocupada com o que poderia estar acontecendo. Retornou ao seu quarto, levando apenas seu pensamento à Deus.

Correndo pelo asfalto, Adam olhou para todos os lados e caminhos precisos que o levariam com mais rapidez a direção necessária. Talvez por sua vontade imensa de chegar logo, não demorou para se ver fora do carro e pegando a estrada de terra à pé. Seus olhos logo reconheceram a casa de madeira, a mesma que tinha ido na noite anterior. Ele deu duas batidas nas portas, contendo a si mesmo para não ir verificar pelas janelas se havia alguém em casa.

- Já vai! - gritou uma voz abafada do outro lado.

Adam se afastou, dando espaço suficiente para que o umbral fosse aberto. Nina, que estava do outro lado, hesitou ao vê-lo.

- Adam...

-... oi, Nina.

- Que surpresa ver você aqui, tão cedo... Eu não sabia que viria por essas horas - disse, cruzando os braços - Venha, entre e tome um café com a gente.

Simplesmente, Você | Livro I Where stories live. Discover now