Capítulo 8 - Carta de Amor

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Parabéns pra você. Nesta data querida, muitas felicidades...

Foram poucas pessoas, só o pessoal do colégio, que eu larguei para trás há alguns meses e alguns amigos bobos da rua. Mas tinha bolo de chocolate, cachorro quente de forno, brigadeiro, cerveja, funk e um toque de melancolia...

Nunca tive muitos amigos!

Mas a Mommy está aqui olhando tudo, me vigiando, ela trouxe bebida escondida, bebida de verdade, fumou comigo na área, me beijou na boca sem ninguém ver, ajeitou o nó da minha gravata várias vezes, mas não me deixou tirar o paletó.

Estou derretendo de calor aqui dentro dessa roupa cara... Que ninguém sabe como veio parar em mim. Eles nem imaginam o que ela vai fazer comigo. Só de pensar meu joelhos tremem...

Enfim, dezoito anos, liberdade para fazer o que eu quiser, inclusive para abrir mão da minha liberdade. Sim, fui livre, por algumas horas, fui dono de mim mesmo, mas só até a festa acabar. A mommy me levou embora pela coleira, isto é, pela gravata, eu gostei muito de ser livre, mas ser da Mommy é melhor. Ninguém é livre até abrir mão da liberdade. O resto é ilusão! Quero ir embora daqui, quero ir morar com a Mommy, eu quero ser dela! Eu sei que eu não vou ser livre nunca mais. Foda-se! A Mommy é esperta, muito mais do que eu e exigente. Mas isso não importa mais. Eu já fui...
Agora eu só tenho uma regra, fazer o que Mommy mandar. Não é tão difícil, não é tão ruim quanto parece. A Mommy me deu essa roupa, um relógio de ouro, um anel para usar no dedo, um celular e um Playstation. Ainda não ganhei a moto, mas também não tenho carteira de motorista... Bom, tá na hora de ir! Eu não gosto de ser pobre, não é só pelo dinheiro, pelas coisas que me dá, ou tira, eu não sei explicar o quê é, ou o porquê, mas eu preciso ir com ela...

Depois que o povo foi embora eu também fui. Eu saí de casa, deixei a casa da mamãe, deixei a minha cama, a minha bola de futebol, meus bonés, minha camiseta de time, toda a minha vida e fui morar com a Mommy.

Pendurei na geladeira uma carta para minha mãe. Mas quem escreveu foi a Mommy! Eu não sou bom nessas coisas, nunca fui...

Querida Mamãe,

"Ei, Mãe, Não sou mais menino...
Não é justo que também queira parir meu destino
Você já fez a sua parte
Me pondo no mundo
Que agora é meu dono, mãe
E nos seus planos não estão você.

Proteção desprotege
E carinho demais faz arrepender...

Ei, mãe, Já sei de antemão
Que você fez tudo por mim
E jamais quer que eu sofra
Pois sou seu único filho
Mas, contudo, não posso fazer nada
A barra 'tá pesada, mãe
E quem 'tá na chuva tem que se molhar

No início vai ser difícil
Mas depois você vai se acostumar

Ei, mãe
Não sou mais menino
Não é justo que também queira parir meu destino
Você já fez a sua parte
Me pondo no mundo
Que agora é meu dono, mãe
E nos seus planos não estão você...

Proteção desprotege
E carinho demais faz arrepender...

Ei, mãe
Já sei de antemão
Que você fez tudo por mim
E jamais quer que eu sofra
Pois sou seu único filho
Mas, contudo, não posso fazer nada
A barra 'tá pesada, mãe
E quem 'tá na chuva tem que se molhar
No início vai ser difícil
Mas depois você vai se acostumar"

Erasmo Carlos

Te amo
Seu filho

Luca

Tô indo mãe, já tenho dezoito anos, vou viver minha vida com a Morgana. Ela vai acabar de me criar! Não vou ter muita liberdade, eu sei, mas nunca fui livre afinal e nunca liguei para isso. Não fica assim, afinal você sempre soube que isso, uma dia ia acontecer...

Um dia eu volto para te visitar...

+50 Nano Contos Eróticos e Fetichistas V. 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora