Prólogo

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O czar Vladimir olhava para sua esposa, Alexandra, que havia sido assassinada por seu inimigo, que um dia foi seu mais estimado primo e amigo. E apesar de toda a segurança que ele achava que obtinha, a vida da sua adorada esposa foi ceifada. Ela havia levado sete tiros; todos na direção do coração, como se Ivan quisesse deixar um recado muito macabro.

Em sua vida tinha experimentado muitas dores, mas nenhuma como aquela. Amava mais Alexandra do que a si mesmo, jamais esqueceria todos os momentos que haviam compartilhado juntos. Ela foi capaz de iluminar seus dias mais obscuros, preencher todos seus vazios, acolhê-lo quando precisava de um colo para chorar quando as coisas ficavam difíceis.

Como poderia viver sem ela, ainda não sabia.

E para piorar toda a sua situação, sua filha Anastásia tinha sido levada por ele. O território russo era muito vasto, mesmo que mandasse todo seu exército atrás dele, seria muito complicado apanhá-lo. Mas tinha fé que Santa Catarina concederia a vida da sua filha caçula, e que aonde estivesse, a protegeria.

Vladimir alisava a sua barba enquanto olhava as criadas limparem o corpo da czarina. Ela tinha longos cabelos loiros, sua pele era branca, e antes havia belos olhos azuis cheios de vida, mas agora estavam fechados e nunca mais voltariam a abri-los. Sentiu-se triste e culpado por tudo aquilo, Ivan Tchaikovsky, pagaria por tudo aquilo algum dia, se não fosse pela justiça dos homens, seria pela justiça de Deus.

O czar procurava de todas as maneiras descobrir uma forma de comunicar aos seus filhos a morte bruta da mãe e o sequestro de sua irmã. Seria muito doloroso revelar tamanha crueldade para crianças tão inocentes e apegadas a mãe. Tatiana, Ivana, Dimitri, Alexander, Nikolai e Natasha, seriam sua total prioridade daquele momento em diante. Amava todos seus filhos, eram presentes divinos.

Quando as criadas terminaram de limpar todo o corpo da czarina, começaram a passar óleo de rosas, e perfume por todo o corpo dela. Sasha, como era chamada por muitos, seria sepultada com o seu vestido preferido, o que usou para a coroação de czarina da Rússia.

— Por favor, poderiam se retirar?

As criadas assentiram, fazendo uma reverência e saíram do local.

Vladimir sentiu lágrimas descendo pelo rosto, a tristeza estava tomando ainda mais o seu corpo. Nunca a esqueceria.

Nunca.

Passou a mão por seu rosto levemente, querendo sentir sua pele mais uma vez.

— Perdoe-me Sasha, não pude protegê-la. Como continuar firme sem sua presença? O que será das crianças sem a melhor mãe que elas poderiam ter tido na vida? Eu a amo tanto. Maldição, dói muito vê-la sem vida. — beijou sua testa, fechando os olhos com força, tentando ignorar aquela frieza da sua pele. — Nunca voltarei a amar novamente, meu coração está indo embora com você, meu único e verdadeiro amor.

Limpou as lágrimas do seu rosto, e saiu do quarto deles, indo para o quarto de Anastásia.

O quarto dela estava da mesma maneira que havia deixado: muito bagunçado. O czar riu lembrando-se das desculpas que a menina dava por manter o quarto sempre tão bagunçado. Pegou os desenhos de Anastásia, que eram muito bons para a idade dela, apenas sete anos, e começou a sorrir, pois havia um que se tratava de Natasha caindo do trenó no inverno.

Sentou-se na cadeira em frente à lareira e deixou as lágrimas descerem definitivamente, e adormeceu ali mesmo com uma saudade que nunca caberia em seu peito.

A grã-duquesa perdidaWhere stories live. Discover now