Capítulo XXXV

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Apesar de estar ocorrendo um baile no salão, Anastásia sentia-se mais agradável no gabinete do seu pai com seus irmãos, falando coisas engraçadas e perturbando o juízo de Dimitri, que estava no décimo copo de conhaque. Seu irmão já tinha se acalmado, mas parecia que aquela bebida era a sua favorita.

— Acho que deveríamos voltar para o salão. — disse Alexander tragando seu cigarro. — Devem estar sentindo a nossa falta.

— Com certeza estão querendo comer Anastásia viva. — Dimitri também acendeu um cigarro. — Não tiveram oportunidade de perturbá-la com milhares de perguntas para deixá-la envergonhada.

— Não se preocupe. — Anastásia passou a mão pelo cabelo arrumado de Alexander. — Eles tiveram oportunidade de fazer isso.

— Como se sentiu? — perguntou seu pai.

Anastásia deu de ombros e abraçou o próprio corpo.

— Como se não pertencesse a esse lugar. — disse Dimitri.

— Dimitri e essa mania insuportável de responder pelos outros. — Alexander revirou os olhos. — Preciso voltar, devo uma dança para a Srta. Globitcheva.

— Filha do general Globitchev? — Dimitri deu um sorriso malicioso.

— Outro casamento? — Anastásia passou o braço pelo ombro do irmão. — Quero conhecê-la.

Anastásia notou o rosto de Alexander ficar completamente ruborizado e riu zombeteiramente da reação dele. Olhou para seu pai, e para sua surpresa, não estava rindo, parecia distante e tinha uma expressão de dor no rosto. Andou até ele e apertou seu ombro.

— Está sentindo alguma coisa, meu pai?

Ele colocou sua mão sobre a dela e sorriu minimamente.

— Estou com uma dor de cabeça aterrorizante.

— Não seria bom chamar um médico?

— Creio que não seja necessário. Deve ser toda essa agitação. Não se preocupe.

— Vou retornar para o baile novamente. — Alexander levantou-se da poltrona.

— Em breve eu também vou retornar. — seu pai disse apoiando a cabeça na mão. — Dance bastante.

Alexander afirmou com a cabeça e saiu do gabinete.

Um guarda entrou logo em seguida, trancando a porta, o que Anastásia achou estranho, pois não era uma atitude normal. Seu pai levantou a cabeça e olhou para o homem com estranheza. Depois, sua expressão facial fechou-se e seu olhar ganhou um brilho de fúria.

— Ivan. — seu pai disse com a voz entrecortada. — Não lembro de ter enviado um convite do baile.

Quando Anastásia ouviu seu pai pronunciar aquele nome, seu corpo ficou completamente paralisado, sem reação alguma. Dimitri levantou-se, mas por causa da bebida, cambaleou e sentou novamente.

— Ora, Vladimir, pensei que havia sido um engano toda essa situação. — a voz grave do homem invadiu o ambiente. — Como sempre, sistemático. Nada aqui mudou. Ainda tem aquele conhaque francês? — olhou para a mesa com as bebidas. — Oh, tem sim. Posso me servir?

— Fique à vontade. — Vladimir indicou com a mão a mesa.

Anastásia encarou Ivan temorosa e assustada, mas acima de tudo, não entendia o que seu pai pretendia com toda aquela cordialidade com o inimigo. Ela começou a andar em direção a porta, pretendia sair dali e pedir ajuda para os verdadeiros guardas.

— Pare, Anastásia. — disse o homem. — Não comece a tornar as coisas difíceis tão cedo. Está muito bonita nesses belos trajes da corte. Eu sempre gostei dos bailes, principalmente das belas damas e belas danças.

A grã-duquesa perdidaWhere stories live. Discover now