Capítulo XXVIII

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Dimitri resolveu andar pelos jardins para se distrair um pouco. O clima estava ficando agradável cada vez mais, a primavera era capaz dos melhores milagres. Até mesmo as melhores músicas eram compostas na primavera, as pessoas se tornavam mais felizes e agradáveis naquela estação do ano.

Sentou-se em um banco de mármore e acendeu um cigarro, como sempre fazia quando estava em dúvida sobre alguma coisa. E, atualmente sua maior dúvida era Elizabeth; a mulher que ele recusou tantas vezes para si mesmo conhecer. Mas ela se mostrou ser alguém totalmente diferente da tia, pois era seu maior medo Elizabeth ser como Lara.

Soprou a fumaça para o ar, que desapareceu logo em seguida. Respirou fundo, lembrando que não havia comprado nada para dar a Natasha, e com certeza ela ficaria chateada. Porém, ele veio se lembrar do aniversário no dia anterior graças a sua irmã, Tatiana, que estava planejando fazer uma festa surpresa na varanda em frente às principais fontes do palácio, que estavam congeladas. E como ele conhecia perfeitamente Tatiana, sabia que seria algo simples, mas perfeito.

Tragou o cigarro mais uma vez antes de jogá-lo no chão e pisar com força. Sentia-se frustrado por ter começado a nutrir sentimentos pela princesa inglesa, quando a mesma estava apaixonada por outro homem que se casaria com a irmã dela. Todavia, nada poderia fazer para reverter à situação em que se encontrava, apenas ter paciência e esperar, para que ela estivesse pronta para amar alguém novamente.

— Não fazia a menor ideia que fumava. — Anastásia sentou ao seu lado com um papel na mão.

Dimitri beijou sua cabeça e pegou o desenho da sua mão.

— Os traços estão bonitos, mas pode melhorar.

— Desde quando é um crítico de arte? — arqueou a sobrancelha.

— Oh, eu sempre gostei de arte, minha querida. — colocou as mãos no bolso da calça. — Fumo apenas quando estou pensando muito em uma coisa, e mesmo que eu tenha a solução, não aceito.

— Sinto lhe informar que fumar não vai resolver nada. — pegou o papel na mão dele de volta. — Minhas tulipas estão bonitas, e tenho certeza que Natasha vai amar.

— Não comprei nada para ela.

— Eu também não, mas fiz alguma coisa. — quase esfregou o papel no rosto dele. — Não sabe fazer nada?

— Sei.

— O quê? — os olhos de Anastásia brilharam de curiosidade.

— Derrubo irmãs curiosas do banco. — pegou o desenho da mão dela e a derrubou no chão e saiu correndo.

— Dimitri! — gritou.

Dimitri começou a rir enquanto corria, perdendo o fôlego. Sua irmã o alcançou logo depois, com a face emburrada. Tomou o desenho da mão dele e mostrou a língua.

— Eu já sei quais são suas intenções. — cruzou os braços.

— Oh, sabe mesmo? — riu com deboche. — Que irmã mais inteligente eu fui arranjar. — começou a fazer cócegas nela. — Dei-me o desenho.

Anastásia começou a rir freneticamente e se juntou a ela.

— Pare. — ela riu mais uma vez. — Vou acabar passando mal.

— Ainda não estou com o desenho em mãos, Annie.

— Dê um colar de pérolas para ela. Tenho certeza que ela vai gostar. — colocou o desenho atrás de suas costas. — Minhas tulipas eu não darei a você.

— Você tem pérolas para me emprestar?

— Como se empresta um presente para dar a outra pessoa?

— Bem, não sei. Vamos descobrir hoje.

— Ora, que emocionante. — Anastásia revirou os olhos.

— Realmente, é um mal nas mulheres da família. — murmurou.

— Como?

— Apenas pensei alto. — fez um gesto com mão para ela esquecer o havia dito.

— Mas...

— Tem as pérolas ou não?

— Não, não possuo pérolas para lhe dar. Onde eu poderia tê-las?

— Garotas possuem joias desde pequenas.

— Se você não se lembra, eu cheguei faz pouco tempo aqui. Não tenho joias, somente meu broche.

— No seu quarto não tem suas joias antigas?

— Ainda não procurei por elas, se é que elas existem.

— Como não explorou aquele quarto ainda?

— Apenas pare de ser intrometido. — Anastásia riu. — Tenho um colar, pode ser que sirva.

— Como ele é?

— Simples, ele tem um pingente de coração.

— Será esse mesmo.

— Ofereci na esperança de não aceitar. — colocou a mão na cintura.

— Estou desesperado atrás de um presente, não vou aceitar sua proposta?

— Vamos pegar ele logo, antes que eu me arrependa.

Dimitri a pegou pela cintura e beijou sua bochecha.

— Melhor irmã do mundo.

— Já disse isso para Tatiana, Natasha e Ivana também? — sorriu.

— Fique na curiosidade.

Natasha não conseguiu dormir naquela noite. A ansiedade dominou totalmente sua cabeça por causa do seu aniversário. Era o dia do ano que ela mais aguardava. Amava receber presentes, comer diversos bolos, ter direito a uma viagem para outro país.

Estava tão animada, que acordou mais cedo, coisa que raramente fazia. Abriu as cortinas do quarto, arrumou a cama, e começou a dançar pelo quarto. Estava ficando mais velha, mas não se importava; só por estar viva e com saúde, sentia-se feliz.

Vestiu-se elegantemente, como fazia todos os anos. Penteou seus cabelos, colocando uma tiara na cabeça. Calçou sapatos confortáveis e se olhou no espelho. Estava perfeita, pelo menos ela achava. Sorriu para si mesma, e saiu do quarto.

Quando estava nas escadarias, encontrou-se com Ivana e Tatiana, que tinham as expressões preocupadas.

— Oh, Nat, ainda bem que encontramos você. — falou Ivana.

— O que aconteceu? — perguntou preocupada.

— Alguém danificou sua estátua de ouro preferida da fonte.

— Não posso acreditar. — colocou as mãos sobre o rosto.

— Podemos ver da varanda. — disse Tatiana. — Vamos lá.

As três irmãs saíram correndo em direção à varanda, que ficava perto de onde elas estavam. Quando chegaram perto das portas que davam para a varanda, Natasha notou um movimento estranho, mas ignorou, achou que fossem guardas. Mas ela estava errada.

Phillip e Nikolai abriram as portas, Ivana e Tatiana foram se postar ao lado de Anastásia. Alexander e Dimitri trouxeram um bolo confeitado, e logo atrás, veio seu pai com sua madrasta.

Seus olhos se encheram de lágrimas, jamais esperou que eles fossem fazer uma surpresa de aniversário para ela. Seu dia tinha acabado de ficar completo. Todos tinham um semblante de felicidade no rosto, até mesmo Lara.

— Como ensaiamos. — disse Ivana.

— Feliz aniversário, Natasha! — disseram em uníssono.

— Amo vocês. — murmurou.

E correu para abraçar todos.

A grã-duquesa perdidaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora