Capítulo V

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O czar estava sentado em seu escritório lendo alguns papéis sobre a situação de algumas cidades localizadas no sul da Rússia, porque precisa resolver alguns problemas antes de partir para São Petersburgo. No entanto, tudo que ele desejava era estar diante de uma lareira com seus pés dentro de uma bacia com água quente.

Apoiou a cabeça na mão enquanto assinava um documento, quando seu filho mais novo adentrou o lugar totalmente afobado.

— Nikolai. — o encarou, meio irritado. — Quantas vezes terei que dizer para bater antes na porta?

— Desculpe-me, pai. — sorriu, tentando disfarçar o constrangimento de estar sendo repreendido. — Mas, vim lhe comunicar que Dimitri acaba de chegar!

Vladimir levantou-se da poltrona de supetão.

— Estão todos no salão principal? É sempre bom a família receber o outro quando chega de viagem.

— Todos, exceto a czarina.

— Por que não a chama pelo nome?

— Não tenho intimidade o suficiente para tal coisa, pai. — fez uma careta. — Ela não parece nem gostar de nós, o senhor sabe.

— Eu sei, eu sei. — Vladimir respirou fundo. — Infelizmente ela não facilita a boa convivência.

Nikolai deu de ombros, como se não importasse muito o que Lara pensava. Na verdade, para seus filhos, a madrasta era apenas um enfeite para ser tolerado. E Deus o ajudasse, toda aquela situação era horrível.

— Vamos? — o filho perguntou ansioso.

— Vamos.

Vladimir seguiu seu filho mais novo até o salão principal.

Enquanto andavam, começou observar o quão seu filho estava belo e parecido com a mãe. Nikolai era o mais brincalhão da família e sempre fazia todos rirem. Reconhecia que era um dom admirável, tentar manter o clima divertido durante as reuniões familiares tornou-se uma tarefa extremamente difícil. Muitas vezes não tinha paciência, então o bom humor de Nikolai entrava em ação.

— O senhor me encarando dessa forma, deveria me preocupar?

— Como percebeu que eu estava observando?

— Sinto. — riu.

— Oh, grande Nikolai, que revelação. — debochou.

— O senhor também gosta de uma piada, não é mesmo?

— Claro, é sempre bom. — esboçou um sorriso.

— Pai. — Nikolai parou o pai no corredor. — O senhor está realmente bem para voltar a Peterhof?

Ponderou sobre a pergunta do filho um pouco. Seus sentimentos sobre aquela questão eram bipolares. Porém, não diria sobre como seus demônios internos estavam o assombrando.

— Estou bem. — colocou a mão no ombro dele. — E espero que vocês também.

— Acredito que todos temos receios, algumas coisas ainda são traumáticas.

— Quero evitar falar sobre isso, por causa da sua madrasta.

— Ela fica toda estranha sobre isso, porém quando se casou com o senhor, sabia dos filhos e da falecida esposa. Não vejo motivo para ciúmes desnecessários sobre isso.

— É muito fácil falar, não é mesmo, Nikolai? — Lara surgiu de surpresa.

— Sim, é fácil. Seu egoísmo é claro. — Nikolai começou a andar novamente, deixando o pai e a madrasta para trás.

A grã-duquesa perdidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora