Capítulo XXI

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O czar estava sentado na poltrona em seu gabinete olhando alguns relatórios enviados por seus ministros e analisando quando seria melhor marcar uma reunião com todos eles para decidir sobre alguns assuntos que estavam pendentes. Quando se sentia irritado ou estressado, afundava totalmente nos assuntos do Estado sem querer falar com ninguém; nem mesmo seus filhos, pois podia descontar seus maus sentimentos neles, coisa que nunca iria gostar de fazer.

De repente ouviu um barulho de canhão. Levantou-se imediatamente da poltrona e saiu do gabinete correndo. O canhão era utilizado para quando nascesse os filhos do czar, que para a felicidade do casal imperial e da população russa, ele foi acionado sete vezes; e agora podia ser acionado mais uma vez. Mas, Vladimir sabia que ele não havia sido acionado por causa de nenhum nascimento. Desde que sua filha foi sequestrada, ele ordenou que quando ela fosse achada, o canhão deveria ser acionado. Aquilo poderia significar o fim da sua angustia e de todas as suas noites sem dormir.

No caminho encontrou Dimitri vindo em sua direção assustado e pálido.

— Pai! O senhor sabe o que isso significa? Encontraram-na!

— Eu sei! — abraçou o filho apertado. — Vamos, temos que chegar logo a sala do trono. Oh Deus, agradeço-lhe tanto por trazer minha filha de volta. Quero saber de tudo que aconteceu com ela. — soltou seu filho de seus braços. — Quem será que a encontrou?

— Não saberemos se continuarmos aqui. — enxugou os olhos com a manga da blusa. — Estou feliz demais! É um sonho sendo realizado.

— Compartilho dos mesmos sentimentos que você.

Eles saíram apressados pelo longo corredor e começaram descer as escadas rapidamente. Caminharam em direção a sala do trono, e Irina vinha em direção a eles com uma expressão assustada, mas continha felicidade em seu cenho.

— Irina! Sabe onde está minha filha?

— Ela está na sala do trono, assustada. Eu a achei, Vossa Majestade...

Vladimir nem esperou Irina completar a frase e saiu correndo em direção as portas brancas duplas que davam para a sala do trono. Estavam vários guardas posicionados, e uma figura feminina estava de costas para ele.

— Anastásia? — perguntou recuperando o fôlego.

Quando ela se virou, o czar ficou surpreso ao ver a dama da sua filha. Não conseguia acreditar que ela estava o tempo todo debaixo do seu teto. O tempo todo ao seu lado, ao lado dos seus filhos, que eram os irmãos dela. Todo aquele tempo, a fisionomia parecida com a deles não era mera coincidência, era ela o tempo todo. Era Anastásia Vladimievna Bulganova.

Ele foi em sua direção e a abraçou fortemente. No primeiro instante, Anastásia não correspondeu ao seu abraço, mas depois envolveu seus braços no pai e começou a chorar. O czar sentiu seus soluços prolongados e se afastou dela. Limpou suas lágrimas com os dedos, e a trouxe para perto mais uma vez. Beijou sua cabeça e acariciou suas costas, até ela se acalmar mais.

— Meu maior sonho se realizou hoje. Tenho minha filha de volta. Ah, Anastásia, sempre esteve tão perto de nós e nunca desconfiamos.

Ela nada disse, apenas se agarrou mais a ele.

— Não tenha medo. Tudo ficará bem de agora adiante. Estamos juntos, ninguém mais irá nos separar.

— Eu sabia que tinha uma família biológica. — disse finalmente. — Jamais pensei que poderia ser a família Bulganov. Jamais pude imaginar que o czar de toda a Rússia fosse meu pai, e que eu tivesse irmãos tão adoráveis e amáveis. Isso é tudo muito novo para eu acreditar e aceitar. É como um sonho muito bom do qual eu não quero acordar. — finalmente olhou nos olhos do czar. — Não sei como fui parar na casa da minha família adotiva. Não sei quem fez isso comigo.

A grã-duquesa perdidaWhere stories live. Discover now