Capítulo XVIII

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No meio daquilo tudo, Anastásia se encontrava mais perdida do que nunca. A maioria das conversas se referia aquilo, muitas apostas eram feitas, algumas até altas demais. Sua maior função com Natasha era tranquilizá-la de todo estresse e ansiedade que vinha sofrendo diariamente.

A grã-duquesa havia pedido perdão pela grosseria, e prontamente ela aceitou. Simplesmente não conseguia ficar irritada com uma pessoa por tanto tempo, mas conseguia com grande competência falar aquilo que a incomodava de forma impulsiva, o que muitas vezes se tornava um grande problema.

Estava com Natasha conversando sobre algo aleatório, quando a mesma decidiu falar sobre a infância. Esse assunto deixava Anastásia meio desconfortável, pois não se lembrava de nada antes dos seus sete anos. Seus pais adotivos diziam que ela foi encontrada quase morta na floresta, totalmente machucada e ensanguentada. Era sempre ruim não saber o que ela tinha feito antes, sem saber da onde tinha vindo. Muitas vezes ela era grata por ter sido resgata e cuidada por eles, porém, quando Nádia e Alena a maltratava, e Ygor não fazia nada para ajudá-la, seus sentimentos de gratidão se transformavam em mágoa, pois sempre tinha tentado ser alegre e gentil com eles.

— Eu sempre gosto de lembrar a minha infância. — mexeu com a colher seu kefir*. — As brincadeiras no inverno são as melhores. Você e seus irmãos já travaram uma guerra de bolinhas de neve?

— Daniel adorava brincar, ao contrário de Alena. — ao mencionar a irmã, revirou os olhos. — Ela sempre foi uma criança chata e do contra. Sinceramente, ninguém gostava dela, só éramos bons demais para deixá-la de lado. Sempre soubemos que ela queria chamar atenção.

— Vocês eram muito pacientes. — Natasha deu uma risadinha. — Tatiana era a mais chata de nós. — chegou mais perto e falou sussurrando. — Na verdade, ainda é. — sorriu maliciosamente e encostou-se na poltrona novamente. — Já perdi quantas vezes eu e ela brigamos. — bebeu um pouco mais de kefir. — Mas deixo claro que eu a amo. — deu de ombros. — Apesar de tudo.

Anastásia começou a rir.

— Você é realmente impressionante, Natasha.

— Ora, pode me chamar de Nat. Seria estranho você continuar com tanta formalidade comigo. — pegou a mão de Anastásia que estava pousada em seu colo. — Veja como eu sempre falo coisas sobre mim, apesar de eu ouvir muito pouco sobre você. — apertou a mão dela. — Quais mistérios guarda, Srta. Tchecova?

— Srta. Bulganova. — ficou séria e retribuiu o aperto na mão de Natasha. — Eu não tenho nada para esconder, eu acho. — afastou sua mão. — É que eu não acho nada interessante demais para lhe contar, sabe? — viu a grã-duquesa menear a cabeça pensativa. — Mas...

— Mas? — arqueou as sobrancelhas e seus olhos azuis brilharam.

— Eu posso lhe satisfazer e contar sobre mim.

— Bom, então satisfaça. — exibiu sua fileira de dentes perfeitos.

— O que quer saber?

— Tudo? — revirou os olhos. — Nossa Anastásia, vamos parar com essa lerdeza?

— Então vou começar do início.

— Bem, estou esperando. — bebeu mais um pouco da sua bebida, passando a língua pelos lábios.

— Eu só me lembro dos meus sete anos adiante.

— Por quê? — seus olhos brilhavam de curiosidade.

— Meus pais me encontraram em uma floresta inconsciente.

— É adotada? — perguntou espantada.

A grã-duquesa perdidaWhere stories live. Discover now