Capítulo XIII

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Dias se passaram sem nenhuma notícia de Anastásia para Ivan. Ele estava atormentado, não conseguia dormir, e havia se embriagado tantas vezes que nem se recordava quando esteve sóbrio. Ansiava a cada dia por notícias, mas a menina nem se deu ao trabalho de comunicar a família onde estava; não tirava sua razão, eles a tratavam muito mal, mesmo sabendo de quem ela era filha.

Bebia o segundo copo de vodca naquela manhã quando alguém bateu em sua porta. Saiu da cozinha e foi para a sala abrir a porta, pois só podia ser uma pessoa: Ygor Tchecov.

Quando Ivan abriu a porta, notou que a expressão de Ygor estava relaxada e preocupada ao mesmo tempo, e em sua mão continha uma carta. Aquilo realmente havia chamado sua atenção, esperava que não fosse nada grave.

— Tenho notícias que não vão deixar você dormir. — Ygor entrou na casa.

— Como se eu já estivesse dormindo. O que veio fazer aqui?

— Anastásia nos enviou uma carta. Quero dizer, ela enviou direcionada somente a mim.

— É essa que está na sua mão? — apontou para o papel em sua mão.

— Sim. — entregou a carta para o amigo. — Ela está bem, e um pouco assustada.

Pai,

Eu não deveria ter saído de casa daquela maneira, mas foi a única coisa que eu podia ter feito. Eu estou bem, e nem sei se vocês se importam com isso. Mas, apesar de tudo, o senhor sempre me tratou melhor que os outros. Estou trabalhando no palácio Peterhof. Trabalho como dama da grã-duquesa Natasha Bulganova, e todos são muitos gentis, com exceção da czarina Lara Bulganova; parece que desde o momento que pisei meus pés nesse palácio e fiquei na sua frente, ela me odiou. Ganho bem, tenho um quarto só para mim, ganhei roupas bonitas e confortáveis. Para minha surpresa fiz uma amiga, ela se chama Feodora.

Espero que o senhor esteja bem. Quando precisar de alguma ajuda, pode me mandar uma carta, eu ajudarei você de bom grado. O colar que me deu no aniversário é maravilhoso, eu fiquei muito feliz em ganhá-lo. Eu perdoei sua mulher e sua filha por tudo que me fizeram, eu acho que não devo guardar mágoas, parece errado.

Atenciosamente,

Anastásia Tchecova.

— Maldito seja! Ela está no palácio! Deus só pode estar de brincadeira comigo. — Ivan leu a carta novamente. — Ela é dama da própria irmã. Ela está no clã dos Bulganov novamente. Inferno!

— Não vai adiantar nada você praguejar pela casa feito um maluco.

— Você não está nem um pouco preocupado?

— Eu estive algumas semanas atrás, agora, não mais. — Ygor se sentou na poltrona e pegou um cigarro do bolso do seu casaco e acendeu na lareira. — Eu estou feliz que ela esteja bem.

— Eles não podem descobrir que ela é uma Bulganov. — Ivan deu um murro na parede.

— Você é um psicopata sem limites, Ivan. Será que você não percebe o quão arruinou a vida dessa família? — deu uma grande tragada no cigarro. — E você? Não sente falta da sua família? Não imagina o quão ficou envergonhada e manchada por sua causa? — Ygor passou a mão no cabelo. — Eu fico admirado em ver que Vladimir deixou sua família continuar por perto.

— Eu sinto falta da minha família, sim. — abaixou a cabeça. — Principalmente da minha mãe.

— Deixou tudo de lado para matar uma pessoa. Seguindo aquela frase egoísta: "Se ela não é minha, não é mais de ninguém." — deu mais uma tragada e soltou uma risada. — O que me deixa mais intrigado é que ela nunca foi sua, e você a matou. Você é um cretino.

A grã-duquesa perdidaWhere stories live. Discover now