Era Perdida: O Globo da Morte

Capítulo 02 - Um caminho sem volta

Dario parou o cavalo abruptamente puxando as rédeas. Um arrepio subiu pelo braço direito levantando os pelos. A voz parecia ter sido soprada em seu ouvido, como a mãe dando-lhe o último beijo na testa antes da missão.

- Eia, eia! – gritou um outro membro do grupo ao lado da mulher de franja, tentando parar o cavalo de supetão para evitar chocar-se com o animal que ia logo à frente. O careca e barbado era um homem de tez morena e aparentava 40 anos. Não usava armadura e nem blusa, deixando braços e o peitoral musculosos à mostra, apresentando várias tatuagens. Os brincos dourados destacavam-se e pareciam a única coisa de metal em seu conjunto – além de uma grande marreta que usava como arma. A barba negra sem bigode e a careca o tornavam figura reconhecível por todos os moradores de Targodriath – a capital.

- Quer me derrubar do cavalo, capitão? – reclamou o careca.

Recuperando os sentidos, o príncipe respondeu: - Me desculpe, Gerolt. Podemos continuar.

Cavalgando ao lado, Celine notou a expressão perplexa do príncipe, entretanto, nada comentou ou perguntou. Estava curiosa, mas tinha medo de ser repreendida novamente pela amiga Isa que vinha logo atrás.

 - Vão, nobres guerreiros! – gritou o rei, mas eles não podiam ouvir. – Vão, mas não voltem de mãos vazias! Se não existir ouro, tragam coragem! Se não houver perigos, tragam a perseverança! O caminho é largo para os que nada buscam, estreito para os valorosos de coração humano!

Sob a benção do rei Kyrtoldrell, a comitiva deixava a cidade sob alta expectativa.

Os seis oficiais trotavam juntos quando a gritaria esmaeceu gradativamente até tornar-se inaudível. O povo havia ficado para trás, assim como o conforto de suas casas e a proteção de seu reino. À partir deste ponto, seriam apenas eles próprios e seus cavalos.

O que aguardava o grupo em seguida? Ninguém poderia prever, mas, com certeza, mudaria a vida deles para sempre.

A viagem seria longa.