Capítulo 55 - Hora da vingança

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- Você está certa, garota... — gemeu o espírito da mulher de longos cabelos dourados. — Eu estraguei tudo... Não posso mais voltar atrás. Estamos fadados a viver como espíritos atormentados para sempre...

Aelinne atirara-se ao chão amargurada. Seus dedos arranhavam o chão de pedra em uma mistura de raiva e desalento.

- Isso não é verdade — falou Dario, tomando a frente de Celine. — Deixe-nos lutar contra Holmër em uma luta justa. Se conseguirmos vencê-lo, poderemos liberar seu espírito do feitiço. Sem a possibilidade de cumprir a magia, o feitiço será desfeito e tanto você como ele poderão encontrar a paz.

- E quem entre vocês poderá derrotar Holmër? — quis saber Aelinne. — Ninguém jamais conseguiu feri-lo em combate.

- Eu! — gritou Adriel. — Eu quero enfrentá-lo. Por favor, capitão, deixe-me fazer isso.

Os olhos do guerreiro iluminaram-se de nova vida ao ter a chance de vingar a morte de Isa. Mondegärd olhou para a arma de Adriel, uma espada com mais de dois metros de comprimento que ele carregava nas costas.

- Sua espada é grande demais para uma luta nestas condições, Adriel — foi contra o mago. — Você não vai conseguir nem sacar sua espada sobre a ponte.

- Ele está certo — concordou Dario. — Como vai brandir sua arma em tão limitado espaço?

- Não se preocupem — reiterou Adriel. — Por favor, me deem essa chance e não vou decepcionar vocês. Isa era minha melhor amiga e mais do que isso... Deixem-me fazer isso, eu imploro!

As palavras do oficial despertaram grande compaixão no príncipe. Pelo ponto de vista militar e prático, não seria indicado um guerreiro lutar em uma ponte como essa usando uma espada de comprimento tão incomum. Mesmo assim, Dario achou que as verdades contidas na voz de Adriel o credenciavam para lutar. "Não há lutador mais indicado do que aquele que busca a batalha do fundo do coração", pensava o comandante.

- Tudo bem. Você terá a sua chance...

- Não! — reagiu Mondegärd, a voz firme como nunca ouviram antes. — Você está fazendo novamente, senhor Dario! Está deixando seus comandados pensarem por você! O que fará se Adriel morrer também?!

Dario ficou paralisado. A reação do sempre tranquilo e quieto velho amigo destoava de sua natureza. "O que estou fazendo?", o príncipe duvidou de sua decisão. Adriel também assustou-se e não falou nada, apenas permaneceu imóvel esperando a resposta do capitão. Celine manteve-se em silêncio; parecia chocada com a reação do mago.

Dario abaixou a cabeça e respirou fundo. "Se eu tivesse lutado, Isa ainda estaria viva... Isso mesmo! Não posso...", o capitão já havia mudado sua opinião quando ouviu uma voz familiar em seu ouvido.

- Ele está testando você...

"O que? Como assim?", Dario tentou obter respostas, mas não ouviu mais nada. A voz desaparecera da mesma forma que surgira: repentinamente. Sozinho novamente, o coração do capitão palpitava forte no peito. Então, respirou fundo e virou-se para Adriel.

- Mas tenha cuidado, Adriel... — falou como se estivesse continuando a frase anterior. — Não podemos perder você como perdemos Isa.

Mondegärd fechou os olhos e consentiu sorrindo. A expressão de satisfação do mago deixou a todos perplexos. Dario tinha sido contra a ideia de Monde, então por que sorria?

- Conforta-me saber que as mortes não mudaram suas convicções, senhor — pontuou, como se estivesse respondendo a todos. — Um líder precisa, antes de tudo, manter-se firme em suas escolhas.

Dario sorriu em resposta, mas no íntimo sabia a verdade; no fundo, não fosse a voz de Enya em seus ouvidos, teria fraquejado.

- Muito obrigado, capitão — curvou-se Adriel. E, voltando-se para Holmër, gritou: - Escute-me, espírito amaldiçoado! Você é apenas um coitado sofrendo na mão de maquinações estranhas à sua própria vontade. Eu te derrotarei e livrarei teu espírito!

A armadura tremeu e se afastou, retornando para o mesmo ponto onde matara Isa, no meio da ponte. Em seguida, virou-se para Adriel, imponente e invencível.

- Pode vir... guerreiro... — Falando essas palavras, Holmër tomou posição de batalha. Dario nunca tinha visto guerreiro tão firme.

- É assim que se fala! — retrucou Adriel, que desabotoou a espada do suporte de couro nas costas e a levantou verticalmente, esticando os braços para cima e depois a levou para trás, estocando o chão em forte batida.

"Um gladiador que nunca foi ferido em combate... Uma armadura com força sobre-humana...", revisava Adriel, preocupado com o combate. O oficial sabia que não seria fácil derrotar aquela armadura mesmo sem a interferência de Aelinne. "Não posso usar minha espada para me defender, igual a Isa fez... Ela é grande demais... Também não tenho agilidade para me esquivar... Talvez não tenha sido uma boa ideia querer... Não! Agora não tem mais volta! Tem que ser eu e tem que ser pela Isa!".

Adriel apertou a empunhadura com força. "Só tem uma forma de eu ganhar esta luta... Sim, farei isso!", decidiu, resoluto.

Adriel correu na direção da ponte arrastando a ponta da espada no chão, faíscas queimando onde as pedras e a lâmina se digladiavam. Gritando, saltou alto antes de pisar na ponte e fez um arco com a espada no ar sobre a cabeça e atacou com um golpe certeiro na direção de Holmër. Aelinne apenas olhava, ajoelhada em frente à armadura.

Holmër, vistoso, apenas levantou calmamente a espada para se defender do golpe. A furiosa lâmina gigante de Adriel, no entanto, estraçalhou a espada de Holmër e destruiu capacete, peitoral e cinto, dividindo o alvo em duas metades; caindo cada qual por um dos lados da ponte na piscina de veneno. A lâmina de Adriel chocou-se contra as pedras da ponte de forma tão avassaladora que quase a destruiu, espalhando pedaços de rochas em várias direções.

O Protetor da Ponte tinha sido eliminado.


Todos arregalaram os olhos. "Apenas um guerreiro em fúria e uma espada gigante poderiam ter feito isso...", sorrira Dario. O que aguarda os guerreiros na sala depois da ponte? Não perca o próximo capítulo.

Pessoal, com apenas 9 capítulos para o fim do livro, o grande episódio final será na terça dia (28.04). Para esse dia, estamos planejando um evento que vai acontecer em nosso grupo do WhatsApp. Vamos revelar as novas imagens do livro e falar sobre a continuação da série. Com o fim de O Globo da Morte, vou poder falar mais sobre como a série continua no Era Perdida 2. Para entrar em nosso grupo, comente seu telefone com DDD ou envie para social@eraperdida.com.br.

Era Perdida: O Globo da MorteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora