Capítulo 06 - Convicção

1.5K 116 39
                                    

- Pode parar, Mondegärd. Já está bom...

A voz vinda do bosque assustou todos no acampamento, que se viraram para ver quem falara.

- Só uma correção, Monde, querido. Eu nunca agiria dessa forma, tá?

Outra voz, desta vez feminina, também vinha do bosque.

Em poucos segundos, saíram por entre as árvores Dario e seus cinco comandados.

O grupo que atacara o acampamento arregalara os olhos: em seu entorno não haviam mais tendas, nem sangue e nem Isa ou Celine acuadas. Olhavam para os lados e entre si, tentando entender o que ocorrera. Tudo havia desaparecido sem deixar vestígio.

- Mas... Mas... – ficara sem palavras o líder do grupo, o homem de arco-e-flecha.

- Não se preocupe, amigo rebelde. Foi tudo uma ilusão – Dario explicou tranquilamente.

- Achou mesmo que uns zero-à-esquerda como vocês conseguiriam matar o Mestre Comandante e cinco de seus melhores homens tão facilmente? – ironizou Adriel.

- Malditos! – gritou com voz esganiçada a mulher que dera o golpe fatal no “falso príncipe”.

- Parem! – ordenou Dario, levantando a espada. – Vocês, rebeldes, são uma dor de cabeça para meu pai. Mas já devem ter ouvido falar que não sou à favor da eliminação do Poder ao Povo e dos outros movimentos guerrilheiros. Se forem embora agora, permanecerão vivos e poderão lutar um outro dia. Entretanto, se ficarem, morrerão e não levarão uma gota sequer do meu sangue real, o que dizer de minha vida.

Visivelmente contrariados, os rebeldes cerraram os punhos e os dentes, afinaram os olhos, bufaram, mas não deram um passo sequer em direção ao grupo de guerreiros de Mylstain.

- E então, qual é a escolha de vocês? Lutar agora e perder ou lutar depois e ter a chance de vencer? Dar-lhes-ei apenas mais alguns segundos para fugirem daqui – intimou o comandante.

- Vamos embora! – gritou o homem de arco-e-flecha. – Mas escute, Dario... Você e o rei estão muito próximos de deixarem aquele castelo! Nem mesmo sua mãe e seu irmão Johän estarão a salvo. Vocês vão pagar caro!

- Certo, certo... Agora saiam daqui!

Sem muitas opções, os rebeldes correram em direção norte. Celine acompanhou a todos com sua visão aguçada e os perdeu de vista na escuridão da noite sem estrelas.

Todos se aproximaram da fogueira apagada. Mondegärd disse algumas palavras indecifráveis e o entorno se alterou: as verdadeiras barracas apareceram instantaneamente.

- É... Você conseguiu, Dario. Impediu o ataque deles sem machucar ninguém – parabenizou Gerolt, dando um tapinha nas costas do príncipe.

- Com todo o respeito, comandante, você é muito bonzinho! – inconformou-se Isa. – Se pegarmos leve com os rebeldes...

- Se pegarmos leve com eles, vão crescer e um dia vão nos pegar – interrompeu Dario. – Eu sei, eu sei... Você já falou isso muitas vezes. E não é a única. Meu pai fala a mesma coisa quase todos os dias. Entretanto, enquanto o comando das tropas for minha responsabilidade, feriremos os rebeldes apenas como último recurso. Não são eles também moradores de Mylstain como nós? As leis de nosso reino são muito claras: não podemos fazer mal a outros seres humanos. Não importa se são nossos inimigos.

Depois de respirar fundo, arrematou: - Agora chega de papo. A noite foi agitada e ainda nem deixamos o reino. Temos que dormir.

Naquela noite, ninguém ficou de guarda. Todos dormiram sem preocupações. Tinham certeza de que as atitudes de Dario, mesmo bondosas, garantiriam que nenhum rebelde os atacaria novamente.

Era Perdida: O Globo da MorteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora