Capítulo 12 - Flor da Meia-Noite

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Celine abriu a porta rapidamente e viu Adriel voltando para o quarto onde a mulher-peixe estava. A garota e Dario o seguiram correndo. Antes de chegar, puderam escutar a kanayr gemendo, como se estivesse engasgada.

- O que aconteceu?! Respondam! – gritou o príncipe.

- Comandante, não aconteceu nada! Estávamos conversando e de repente ela começou a gemer e ficar dessa forma!

Isa parecia preocupada, assim como os outros, mas ninguém sabia o que fazer.

Adriel se aproximou da kanayr, que tremia descontroladamente.

- Diga algo, mulher! Fale ou você vai morrer!

- Pare, Adriel! Ela não... – Dario começara a falar, quando a moça emitiu um som.

- note... Mea note...

- O que você disse?! Repita, por favor! – tentou Adriel, novamente.

- or... or da mea note... – E com estes últimos sons a mulher escorregou para o fundo da banheira de cerâmica.

- O que isso quer dizer?! – gritou Adriel. Ele parecia o mais desesperado.

- Tenha calma, homem! Vamos pensar! – recomendou Isa, chacoalhando-o.

- Flor da Meia-Noite. Só pode ser isso – concluiu Gerolt.

- Como você sabe? O que é isso? – perguntou Adriel.

- Ele está certo, capitão – começou Mondegärd. – É a única coisa que se encaixa, não acha?

Dario pensou por um tempo, mas não conseguiu seguir o raciocínio.

- Por que você diz isso?

- Pois bem, se essa mulher-peixe foi tirada de seu habitat natural – assim como um peixe – ela precisa de certos fluidos que só existem na água do mar. Peixes que vivem no mar não podem viver em lagos, pois a água não é a mesma. Ninguém pode explicar o porquê mas, se ela respirar como um peixe, então quanto mais tempo ela ficar nessa água, mais ela enfraquecerá, até morrer.

A explicação de Mondegärd fazia sentido, mas faltava uma peça no quebra-cabeça. E foi Gerolt quem finalizou o enigma.

- Agora, pensem: o que faz a Flor da Meia-Noite?

Dario não precisou pensar muito para chegar à resposta.

- Ela é conhecida por provocar vento quando é espremida...

- Exatamente. Provavelmente, é o que está faltando na água – completou Gerolt.

- Por isso que ela se esforçou tanto para nos dizer. Ela precisa que espremamos uma Flor da Meia-Noite na água para ela poder sobreviver – resumiu Isa.

- Então estamos entendidos. Precisamos agir rapidamente. Jamen e você vão para a carroça do comerciante e vejam se encontram algo lá – ordenou Dario para os dois oficiais da cidade. – A Flor da Meia-Noite possui folhas bem verdes e abaixo das folhas há várias pequenas bolinhas brancas. São elas que devem ser espremidas na água.

- Certo, capitão! Vamos!

Depois de despachar os dois guardas, Dario se voltou para seu grupo.

- Eu, Mondegärd e Celine vamos procurar na região. A noite já está avançada e devemos estar próximos da meia-noite. Se tivermos sorte, poderemos encontrar a flor nos arredores da cidade.

- Comandante! Quero ir com você. A noite é perigosa – pediu Isa, preocupada com os amigos.

- Não, Isa. Agradeço a consideração, mas não podemos nos esquecer de uma coisa: essa mulher-peixe é propriedade de alguém. Algum nobre muito rico pagou por ela e, com certeza, ele não vai perdê-la sem lutar. Se o ponto de troca do mercador é aqui perto, eles já devem ter percebido que algo aconteceu e virão aqui. Preciso que você, Adriel e Gerolt protejam ela.

- Ok...

Sem muitas delongas, o grupo que iria procurar pela flor desceu as escadas e notou que ainda haviam muitos populares do lado de fora.

- Vocês, obrigado pelo apoio até aqui e continuem dessa forma. Ninguém poderá entrar – comandou Dario aos policiais na porta.

- Sim, senhor. Permaneceremos em nossas posições.

Com esforço, atravessaram a multidão – muito interessada nos três que deixaram o estabelecimento impenetrável. A lua estava quase no centro de seu arco. A meia-noite se aproximava e assim a única chance de salvar a mulher-peixe.

Era Perdida: O Globo da MorteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora