Capítulo 33 - O senhor do trovão

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- Deuses, o céu vai cair! – desesperou-se Celine.

Cada vez mais densas, as nuvens escondiam o sol completamente. Toda a iluminação vinha dos trovões que percorriam matreiros e livres as negras formações no céu.

- Será que é o monstro gigante daquela outra hora?! – teorizou Isa.

Nessa hora, Mondegärd parou de recitar sua invocação e gritou com a voz alta e retumbante – como o som de um trovão.

- Afastem-se dele, idiotas, ou morrerão!

O susto devia ter despejado grande quantidade de adrenalina em todos, pois correram o máximo que puderam. Mesmo assim, não despregaram os olhos do céu – ninguém queria perder o show.

Como imaginavam, um raio atirou-se das nuvens e desceu rápido e fugaz. No entanto, chocou-se contra uma das montanhas ao lado e não atingiu o gromav.

- Ele errou! – gritou Celine, atirando-se exausta no chão.

O som do raio contra a montanha reverberou pela estreita passagem e fez o peito de todos tremerem.

Impactando a lateral da montanha com força, o trovão provocou um grande deslizamento de pedregulhos imensos, derrubando-os sobre o monstro e o soterrando por completo.

Quando o som ensurdecedor e a fumaça dissiparam-se, havia se formado uma nova montanha sobre o gigante. Não era possível identificar onde ele estava, pois nada se movia no conglomerado de rochas.

Celine aproximou-se cuidadosamente da pilha de pedras.

- Acho que ele não consegue sair daqui, não... – E cutucou as pedras com o dedo.

- Sorte nossa – interrompeu Adriel. – Vamos aproveitar para dar o fora daqui o quanto antes. – Então começou a subir na pilha de pedras. – Temos que pegar o Gerolt e o Dario do outro lado e continuarmos.

As pernas de Mondegärd falharam e teria ido ao chão não fosse Isa segurá-lo.

- Tudo bem, Monde? – preocupou-se a guerreira.

- Fiquei um pouco tonto, só isso... Entre os feitiços, este não é um dos mais simples...

Com cuidado, Adriel e Celine escalaram o monte e desceram do outro lado. Em alguns minutos, conseguiram voltar carregando Dario com a ajuda de Gerolt.

- Ufa... Acho que estamos todos bem – avaliou Isa.

- Não podemos esperar o capitão, vamos seguir com cuidado – sugeriu Gerolt. – Você pode andar Mondegärd?

- Não se preocupe comigo. A Isa me ajuda. Vamos.

Andavam rápido, mas com cautela. Dario e o velho mago dificultavam a travessia e se um novo deslizamento ocorresse, precisariam estar atentos. “Se bem que um deslizamento é o menos preocupante enquanto estivermos nesta maldita Cordilheira”, avaliou Gerolt.

Com muita cautela, conseguiram prosseguir. Poucos metros além, um som chamou a atenção do grupo e todos viraram para trás. O que viram não alegrou ninguém: a pilha de pedregulhos tremera.

- Maldito monstro! – rugiu Isa.

- O gromav deve estar acordando. Vamos rápido. – Gerolt tomou a dianteira e todos o seguiram.

O caminho continuou o mesmo por muitos metros. Todos continuavam prosseguindo com cautela, mas a imagem do gromav os perseguindo deixava todos agitados. O céu voltara ao seu azul e o sol, mesmo deitado atrás das montanhas, iluminava o caminho.

- Parem! – gritou Isa.

Todos aproximaram-se da guerreira e viram um grande abismo à frente. O caminho simplesmente acabava em um precipício de vários metros de comprimento. A completa escuridão tornava impossível ver o fim do buraco infinito. Como o desfiladeiro era extremamente extenso, a travessia tornava-se impossível.

Um sentimento de desespero começou a crescer dentro deles. Logo o gigante de pedra estaria ali e o único caminho era voltar. Teriam que enfrentar ele novamente e, dessa vez, sem contar com o capitão.

- Vejam! – gritou Celine, entusiasmada. – Ali na lateral! Podemos passar se formos escorados à parede.

- Boa! – comemorou Adriel.

Entre o buraco e a montanha havia uma estreita faixa de terra. O caminho era fino, de forma que, olhando rapidamente, parecia que nem mesmo um único pé teria espaço para se acomodar.

- Como pensam em fazer isso com o capitão desmaiado? – questionou Gerolt.

- Podemos esperar ele acordar e então passamos.

Todos estavam prestes a concordar com Celine quando escutaram o que parecia um terremoto ecoando pelo caminho percorrido há pouco.

- Legal, o gigante acordou... – bufou, baixinho, Adriel.

Era Perdida: O Globo da MorteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora