Capítulo 2

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Thomas narrando:

Dei uma guinada na moto quando alcancei a casa do lago, e quando a virei violentamente para a direita a fim de estacionar, a poeira que ela levantou rendeu um olhar de reprovação do meu pai do outro lado do campo, que conversava com um senhor que parecia anos mais velho que ele. Mesmo que o homem tivesse chegado há horas, eu ainda não tinha lhe dirigido a palavra.

Até onde eu sabia, aquilo devia ser uma temporada em família, não de negócios.

Tudo bem, eu gosto de negócios, mas está pra nascer o homem que vai substituir um tempo com minha família só por causa de seus patrimônios.

- Você vai enlouquecer o velho. - Meu irmão disse rindo, se aproximando de mim.

- Se você não conseguiu fazer isso antes de mim, não sou eu quem conseguirei agora. - Resmunguei retirando meu capacete.

- Você sabe... ele espera muito de você.

- E eu sempre supero as expectativas, certo?

- Por isso ele espera muito de você. - Stephan se recostou na moto de braços cruzados. - Talvez, se você se divertisse mais e trabalhasse menos, ele te deixaria em paz um pouco.

- Como você?

Ele revirou os olhos.

- Eu tive uma adolescência.

- Uma adolescência bem louca, se bem me lembro.

- Divertida, eu diria. E sua adolescência, como foi? Ah, esqueci... você não teve uma.

Olhei para ele com indiferença, deixando claro que eu não me influenciava por suas palavras.

Stephan teve tudo o que quis desde que nasceu, e isso resultou em um jovem sem muito juízo. As coisas melhoraram quando ele conheceu a mulher que hoje é sua esposa. E quando teve a primeira filha, apenas se tornou mais sério e focado nos negócios; mas antes disso, tudo o que sabia fazer era farrear.

Eu comecei a ter o que queria quando fui adotado aos oito anos, e mesmo assim minha vida nunca foi perfeita. Provavelmente o fato de que eu venho perdendo mais coisas do que costumo ganhar desde que era criança é o que me motiva a trabalhar até a exaustão - ou até estar cansado o suficiente para não deixar minha mente se voltar para o passado.

- Talvez esteja na hora de você fazer algo de que realmente goste, mesmo contra a vontade do pai. - Stephan resmungou pensativo.

- Eu fiz. O troféu no meu closet prova isso.

- Fala sério, motocross não é grande coisa. Você precisa fazer alguma loucura, Thomas. Algo que faça você sentir a adrenalina de ser jovem. Você precisa viver.

- Cada um tem sua maneira de viver, Stephan. Você se divertiu, isso é bom, mas eu prefiro trabalhar. É assim que funcionam as coisas. Nós não somos muito parecidos.

- Tio Tom! - Alice surgiu sabe-se lá de onde, correndo em nossa direção. - Vovô está te chamando.

Olhei em direção ao meu pai e ele gesticulou pra que eu fosse até lá. O homem de meia idade ainda estava ao seu lado, me encarando como se esperando algo de mim.

Me voltei pra Alice.

- O que você acha de pegar seu irmão e nós três fugirmos juntos?

Stephan riu.

- Não gosta tanto de trabalhar, maninho? Vá em frente, eu me divirto com meus filhos.

E, pegando a mão da menina, ele se foi para o interior da casa onde sua esposa e o filho mais novo certamente estavam.

Um plano para nós (PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora