Thomas narrando:
Nanda foi a primeira a me ver chegando. Ela estava sentada ao lado da minha mãe conversando sobre algum assunto aleatório quando passei pela dupla porta de vidro da casa, e quando seus olhos se ergueram para mim, ela abriu um sorriso que era tanto acolhedor quanto melancólico antes de tirar com cuidado a xícara de chá das mãos de sua patroa.
- Veja só quem está aqui.
- Oi, Nanda.
- Ei, menino. Nós sentimos sua falta.
Sorri para ela me perguntando vagamente se suas palavras haviam sido retóricas. Acredito que ela sentira minha falta, quanto à minha mãe... bem, esse era um caso a parte.
Me abaixei na frente da mulher que me acolheu como filho e olhei seus olhos inexpressivos por um instante enquanto ela me encarava de volta. Ela parecia tão bem, tão... ela mesma.
Mas então ela se pronunciou primeiro. E eu soube que ela de fato, não era mais ela mesma.
- Desculpe... nós já nos conhecemos?
Minha respiração vacilou. Eu vinha me preparando para esse momento desde que soube de sua maldita doença, mas aparentemente, não me preparei o suficiente.
Precisei de longos segundos para conseguir assentir devagar, usando toda a minha força para disfarçar minha vontade de chorar.
- Sou eu, mãe... seu filho.
- Oh... - Ela me observou por alguns segundos claramente surpresa com minha resposta, e depois de uma pequena pausa para pensar, franziu levemente a testa: - Qual é seu nome?
Ah, por favor... por favor, não se esqueça de mim...
- Thomas.
- Thomas... - Repetiu devagar, então percebi seus olhos se arregalarem ligeiramente conforme ela inalava em choque: - Thomas.
- Isso. - Eu assenti, os olhos começando a ficar embaçados pelas lágrimas. - Sou eu.
- Você cresceu...
Não pude evitar um sorriso melancólico ao concordar:
- Sim... acho que cresci um pouquinho.
Erguendo a mão até o meu rosto, ela acariciou suavemente minha bochecha e inclinou a cabeça para o lado, o olhar tão confuso quanto deprimido.
- Onde eu estava que não te vi crescer?
Suas palavras me cortaram tão profundamente que pude sentir o gosto amargo em minha boca. As lágrimas que antes estavam tão convenientemente controladas agora aumentavam sua intensidade para se libertarem, e mesmo sabendo em que sentido sua pergunta havia sido feita, existia apenas uma resposta que eu poderia oferecer.
Olhei para a mão que ela mantinha livre sobre seu colo antes de segurá-la entre as minhas, e depois de engolir em seco, me voltei para ela:
- Você estava aqui, mãe. Você sempre esteve aqui. Eu é que me afastei.
Ela não respondeu imediatamente. Enquanto permanecia sustentando meu olhar, percebi sua expressão gradualmente se alterar de confusão para a compreensão e então, para a aflição. Não precisei de sequer um segundo para perceber que ela sabia. Nem que fosse por pouco tempo, naquele momento ela se lembrava de tudo.
- Thomas... - Emitiu com os olhos marejados. - Oh, meu menino... me desculpe.
Quando suas lágrimas escorreram eu também chorei, mas foi o rosto dela que eu sequei.
YOU ARE READING
Um plano para nós (PAUSADO)
RomanceApós ter sua família irrevogavelmente desestabilizada por um infeliz acontecimento que resultou na separação de seus pais, Angeline se vê decidida a abandonar sua mordomia para viver com sua mãe em um casebre nos fundos da mansão de um dos magnatas...