Capítulo 43

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Thomas narrando:

Enquanto Henry dirigia pelas ruas movimentadas de Boston na manhã de quarta-feira, meus pensamentos se mantinham perdidos na conversa que eu e Nanda tivemos no dia anterior antes que eu saísse da empresa. Eu havia ligado para minha antiga casa com o intuito de falar com minha mãe, mas ao invés dela, quem atendeu foi a empregada. Minha mãe - segundo ela - estava fazendo plantão no hospital, então depois de hesitar por um milésimo de segundo quando Nanda me perguntou se poderia me ajudar em alguma coisa, eu acabei decidindo conversar com ela sobre o contrato que assinei há quase dois meses.

Nanda sempre foi mais que uma empregada pra mim. Ela era minha amiga, minha confidente, e por vezes, minha segunda mãe. Então não era de se estranhar minha segurança ao pedir a ela um conselho do que fazer, visto que eu preciso encontrar um jeito de me livrar do maldito contrato antes que Dasha venha para Boston, o que será - se minhas contas estiverem certas - em pouco mais de cinco meses.

"Talvez você deva conversar com seu pai sobre isso." Nanda disse. "Senhor Diogo pode ser o empresário mais profissional que eu conheço, mas ele também é humano. Ele vai saber o que você deve fazer."

"Eu sei como ele pensa, Nanda. Acha mesmo que ele aceitaria sair perdendo?"

"Se ele não aceitar, com certeza será por um motivo maior."

"É claro. Alguns bilhões de dólares no banco."

"Talvez você não o conheça tão bem. Seu pai é bom, Thomas. Ele sempre deu prioridade à família, isso não vai mudar agora." E depois de uma pausa, emendou: "Você devia conversar com ele. Talvez eu não seja a pessoa certa pra te dizer o que fazer..."

Nós conversamos por bons minutos, e pela primeira vez, eu permaneci perdido depois de todos os seus conselhos. No final Nanda estava tão perdida quanto eu - talvez, até mais.

Me despedi depois de pedir a ela que falasse com minha mãe para me ligar. Talvez eu tivesse um resultado melhor depois de conversar com dona Luna, mas até agora, de todas as ligações que recebi, nenhuma era dela.

Respirei fundo e recostei minha cabeça na janela do carro, observando as pessoas caminharem apressadas no pico do horário do almoço. Talvez eu devesse considerar a ideia de ligar para meu pai. Quem sabe minha vida fosse realmente mais importante pra ele do que o dinheiro?

- Henry? - Chamei sem desviar os olhos dos pedestres na calçada.

- Sim, senhor? - O guarda-costas respondeu imediatamente atrás do volante.

- Você tem filhos?

Seus olhos encontraram os meus pelo espelho retrovisor, então pude ver sua surpresa pela minha pergunta. Era compreensível. Nós nunca havíamos falado nada além do trabalho durante todo o tempo que ele trabalha pra mim.

- Sim... senhor. - Respondeu vacilante, voltando sua atenção para o trânsito movimentado da cidade. - Uma menina. Hannah.

- Hannah... - Repeti devagar. - Onde ela está?

- Ela mora no Texas, com a mãe.

- É bem longe... - Divaguei.

Henry apenas assentiu, mas não respondeu.

- Qual a idade dela?

- Vai fazer oito anos no final do mês que vem.

Franzi a testa.

- Há quanto tempo você não a vê?

- Quatro anos, senhor. - Henry tentou esconder, mas pude notar um rastro de melancolia em sua voz. - Eu não a vejo desde que comecei a trabalhar... aqui.

Um plano para nós (PAUSADO)Where stories live. Discover now