Capítulo 37 part. II

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Thomas narrando:

Rio de Janeiro - Brasil
15 anos atrás

Foi surpreendente o modo como consegui me adaptar à casa e aos funcionários tão logo cheguei. Me tornei amigo da Nanda - a empregada - e Wendel - o motorista - instantaneamente, mas em contrapartida a governanta não deve ter gostado muito de mim já que não sorriu sequer uma vez quando me conheceu. Nem o guarda-costas, mas esse eu entendi... pelo cargo que ele possuía, acredito que não era do seu feitio sair distribuindo sorrisos por aí.

- Cadê o Stephan? - Perguntei quando minha mãe finalmente terminou de me apresentar aos empregados.

Não que eu estivesse dispensando-os ou algo assim, mas desde o primeiro momento em que ela falou que eu teria um irmão, minha maior e mais importante prioridade se tornou conhecê-lo. Eu imaginava qual seria sua altura, como seria sua voz, seu quarto, seus amigos... se ele gostaria de mim. Bem, eu esperava que sim. Eu esperava do fundo do coração que ele gostasse de mim da maneira como eu já gostava dele.

Minha mãe olhou para Nanda - provavelmente também buscando uma resposta para minha pergunta -, ao que essa encolheu os ombros.

- Ele ainda não chegou, senhora.

Minha mãe soltou um suspiro cansado e balançou a cabeça em reprovação antes de me olhar novamente.

- Ele deve estar de volta em breve. Podemos conhecer a casa enquanto isso, o que acha? Que tal comerçarmos pelo seu quarto?

É lógico que não recusei.

Meu quarto era maior do que o que eu dividia com os garotos do orfanato. Tinha uma cama gigante, uma televisão e um guarda-roupa grande com roupas do meu tamanho e sapatos. Não havia brinquedos, porque estes ficavam na brinquedoteca, uma sala embutida ao quarto. Ela havia preparado tudo pra mim...

Honestamente, eu não tinha nenhuma pressa em sair dali, mas sabia que existiam outros cômodos que eu gostaria de conhecer. Como o quarto dos meus pais, os escritórios e a biblioteca - fiz uma anotação mental de voltar ali logo.

- Este é o quarto do Stephan. - Minha mãe disse ao tocar a maçaneta de uma solitária porta fechada no corredor. - Mas ele nunca deixa a porta destrancada, então...

- Tudo bem. - Balbuciei.

Eu gostaria que ele mesmo me mostrasse, não seria educado da minha parte invadir seu quarto sem ser convidado.

Então descemos. Minha mãe me mostrou a copa, a sala, o cinema, a sauna, a academia, a cozinha... e no final eu estava tonto, sem nem sequer me lembrar em qual direção ficava a porta de entrada. Talvez eu devesse fazer um mapa mais tarde...

- E aqui estão as piscinas. - Ela completou quando passamos pela porta de vidro. - Também temos os quartos dos empregados ali e no subsolo fica o estacionamento.

Soltei sua mão quando ela parou e andei mais alguns passos em frente para ter uma visão mais ampla do quintal.

- É um pouco grande, não é? - Ouvi a voz do meu pai e me virei.

- Eu estava pensando em fazer um mapa.

Eles riram.

- Você vai se acostumar logo.

- E então... prefere tomar um banho agora ou comer alguma coisa?

Eu responderia que estava morrendo de fome, mas antes que o fizesse, um rapaz com o cabelo molhado passou pela porta de vidro atrás deles e eu soube instantaneamente quem era. Não pude deixar de sorrir, porque meu irmão era exatamente do jeito que imaginei.

Um plano para nós (PAUSADO)Where stories live. Discover now