Thomas narrando:
- Sr. Strorck! - Alguém me chamou enquanto eu subia as escadas na noite de domingo, assim que cheguei em casa.
Me virei e encontrei Eileen parada perto da porta, esperando.
- O que você quer? - Perguntei conferindo o relógio de pulso, que tinha seus ponteiros apontando para onze e trinta.
Mas o que essa garota ainda estava fazendo aqui? Ela devia ter se recolhido há mais de três horas...
- Sei que está tarde, senhor, mas... bem, é importante.
Revirei os olhos.
- É sempre importante. - Falei trocando o paletó de mão antes de repetir: - O que você quer?
- Eu gostaria de saber... se agora os empregados podem receber visitas sem sua autorização.
Franzi a testa, inclinando levemente a cabeça.
- Como é?
- Bem, hoje uma das empregadas recebeu uma visita... - Ela pensou um pouco e balançou a cabeça, levantando uma mão. - Ah, deixa pra lá. O senhor já deve saber disso.
Senti uma leve frustração começar a se alastrar por mim como uma febre, porque não, eu não sabia.
- Que empregada?
Eileen levantou as sobrancelhas.
- O senhor não soube?
- Eu perguntei... o nome da empregada.
Mas que maravilha! Minhas regras eram claras e eu sempre cuidei pra que todos obedecessem. Que direito qualquer uma dessas pessoas achava que tinha de trazer amigos, parentes ou quem quer que fosse para a minha casa sem meu consentimento?!
Existia um motivo para eu querer saber seu nome. Passaria em meu escritório no mesmo momento e faria uma carta de demissão, simples assim. Isso com certeza deveria servir de exemplo para...
- Angeline. - A garota respondeu interrompendo meu pensamento e por um instante achei ter entendido errado, mas ela emendou: - Angeline Claire, filha da Sarah.
Fiquei a olhando paralisado e desprovido de qualquer pensamento que estive tendo. Eu não podia demití-la. Eu acabei de contratá-la, merda! E eu tive um porquê de fazer uma maldita carta de admissão para ela, eu não podia criar a de demissão sem nem sequer ter conseguido cumprir a tarefa de tirar sua paz ao menos uma vez.
E então eu tinha um segundo - terceiro - motivo para castigá-la. E a lista apenas crescia...
Eu quase deixei escapar um sorriso quando descobri o que fazer, mas ele logo foi contido quando me dei conta de que expressão Eileen tinha em seu rosto. Era como a de uma garota que acabara de ganhar uma partida de voleibol, e eu soube que ela estava gostando disso. Ela queria que eu punisse Angeline, e por algum motivo, isso me deixou mais desconfortável do que eu gostaria de admitir.
E as palavras apenas fluíram:
- Eu não pago você para vigiar os empregados. - Disse franzindo a testa. - Pago?
Qualquer sombra de sorriso que existia em seu rosto desapareceu no segundo seguinte antes de ela responder, amedrontada, com um balançar de cabeça:
- Anh... não, senhor.
- Então faça o que você é paga para fazer e cuide da sua própria vida. - Joguei o paletó sobre o ombro e continuei subindo as escadas. - Eu demití sua mãe sem hesitar, Eileen. Não me dê motivos para demitir você também.
YOU ARE READING
Um plano para nós (PAUSADO)
RomanceApós ter sua família irrevogavelmente desestabilizada por um infeliz acontecimento que resultou na separação de seus pais, Angeline se vê decidida a abandonar sua mordomia para viver com sua mãe em um casebre nos fundos da mansão de um dos magnatas...