Capítulo 64 - Parte I

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Thomas narrando:

A dor de cabeça pulsante foi o que me acordou na manhã daquele sábado. Fechei os olhos tão logo os abri, a claridade entrando pela abertura das cortinas me dando a sensação de que eu estava a poucos metros de distância do sol.

- Merda. - Resmunguei em voz baixa pressionando as têmporas com as mãos, me sentindo momentaneamente desorientado.

Oh, sim. Motocross. Bebedeira. Ressaca.

Cacete. Preciso de um Tylenol.

Afastei as cobertas e me levantei cambaleante, arrastando os pés até o banheiro sem me dar ao trabalho de abrir os olhos para receber a claridade matutina. Essa sensação não era de todo desconhecida: eu já a havia experimentado há um tempo não muito longo, mas ela tinha sido desagradável o suficiente para me fazer jurar que não a repetiria. Missão fracassada.

Enquanto retirava minha calça no banheiro me dando conta vagamente de que alguém havia tirado minha camisa na noite anterior, me vi buscando debilmente fragmentos de memórias espalhadas das últimas horas antes que eu apagasse.

Maldito Scott, no fundo eu sabia que não devia ter ouvido seu conselho...

Flashback:

As horas posteriores à minha explosão com Angeline e anteriores ao momento em que eu finalmente pude falar com ela outra vez não foram nada menos que uma completa tortura.

- Acredite, é melhor dar um tempo a ela. - George dissera me segurando pelo braço assim que ameacei ir atrás quando ela virou as costas e correu escada abaixo.

Ele apenas apareceu atrás de mim e me impediu, e no segundo seguinte eu vi Sarah sair do salão de festas e correr pelo mesmo caminho que a filha havia seguido.

Em minha mão, amassada devido ao meu surto gratuito, estava a carta que Samantha me deu minutos atrás. Fechei os olhos com força e busquei uma profunda e lenta respiração. Eu não abri a carta, porque independente do que Izzy houvesse escrito para mim, ela não conhecia o Thomas de verdade.

Deixei George parado no corredor, e abandonando a ideia de ir atrás de Angeline eu fiz meu caminho até a academia. Eu precisa descontar minha frustração em algo, e visto que eu já havia machucado a única pessoa naquela casa que insistiu em ver o melhor em mim, agora eu precisava do saco de pancadas.

Pelas próximas horas deixei que a imagem do seu rosto assustado e seus olhos molhados preenchessem minha mente, sendo transmitida e derramada pelos meus punhos em forma de socos.

Cretino! Imbecil! Desgraçado!

Eu claramente coloquei tudo a perder. Estraguei tudo. Joguei fora a coisa mais importante que conquistei na vida por causa de uma emoção estúpida que não consegui controlar.

Covarde! Covarde! Covarde!

O que a impede de ir embora agora? O que a impede de nunca mais olhar na minha cara? O que a impede de desistir de mim?

Você estragou tudo, Thomas! É isso o que você faz, você sempre estraga tudo!

Finos rastros de sangue começaram a marcar o saco de pancadas, mas eu não parei. O suor escorria em meu rosto, minhas batidas cardíacas estavam descompassadas e minha respiração irregular, mas eu continuei. O que era a porra do meu estado de espírito considerando o estado em que deixei Angeline?

- Senhor, já chega. - George segurou meu braço em algum momento, e o cansaço devia estar tão intenso que eu não resisti.

- Eu a machuquei. - Me vi dizendo numa voz quebrada, irreconhecível, e só então notei que estava chorando.

Um plano para nós (PAUSADO)Where stories live. Discover now