Capítulo 41

82.2K 7.7K 11.5K
                                    

Angeline narrando:

- Então... não há nada com o que eu deva me preocupar? - Minha mãe perguntou quando terminei de contar a ela, de forma resumida, o que me levou a sair com Thomas e o que nós fizemos.

- É claro que não. - Garanti com um sorriso.

Ela desviou os olhos de mim.

- Você disse que ele não quer mais ser seu patrão.

- Não. Apenas um homem que paga meu salário desde que eu cozinhe pra ele.

Ela riu.

- Sabe que isso não faz o menor sentido pra mim, não é?

- Alguma vez ele já fez sentido? - Eu ri também, antes de balançar a cabeça. - Pelo que entendi, eu apenas não devo mais satisfações a ele, sabe? Não sou mais obrigada a nada, não preciso mais seguir regras... acredito que seja isso o que ele quis dizer.

Minha mãe me encarou, o humor em seu rosto desaparecendo aos poucos.

- O que foi? - Perguntei franzindo a testa.

- Vocês parecem estar se aproximando.

- E isso é um problema?

- Não sei, Angie. Vocês não têm muito em comum.

- Mãe, nós só saímos... duas vezes. - Destaquei o fato.

- Mas ele parece se importar com você. Aliás... com você mais do que com qualquer outro. O que é uma novidade, devo dizer, já que há duas semanas ele te tratava como um lixo e você odiava isso.

- Eu nunca odiei ele.

- Não foi o que eu disse. Você odiava o modo como ele te tratava.

- Bem, ele não me trata mais assim.

Minha mãe ponderou minha resposta por um momento antes de soltar um suspiro cansado.

- Eu estaria mentindo se dissesse que não me preocupo.

Inclinei a cabeça.

- O que exatamente te preocupa, mãe?

- Ele pode ser muito convincente, Angeline. Muito persuasivo. E se um dia ele conseguir te fazer enxergar o mundo como ele enxerga? E se ao invés de você influenciá-lo, ele acabar influenciando você? E se por causa dele... você começar a questionar a existência de Deus?

Meu queixo caiu com o choque que suas palavras me causaram. Eu não podia acreditar que esse era o motivo da sua agonia.

- Eu garanto que isso não vai acontecer. - Afirmei com a mesma intensidade que usaria para dizer que o Sol ilumina o dia.

Ela continuou me olhando por um momento, em silêncio. Então desviou os olhos e começou a falar devagar:

- Olha, eu sei que posso estar sendo exagerada, ou até dramática desnecessariamente, mas preciso dizer. Se um dia você voltar para o seu pai... se decidir que quer me deixar e voltar pra ele, pra sua antiga vida... vai doer. - Ela assentiu e me olhou outra vez, então pude ver seus olhos brilhando. - Vai doer muito, Angie, mas eu vou aguentar. Agora... - Ela engoliu. - Se você decidir abandonar a Deus pelo mundo, mesmo ainda morando comigo... se abrir mão da sua fé... - Ela balançou a cabeça, a agonia visível em seu rosto. - Isso não dá. Isso eu não vou conseguir suportar.

- Mãe...

- Pode me deixar, se quiser. - Ela completou. - Mas por favor, Angeline, não abandone ao nosso Deus.

Balancei a cabeça para os lados e me aproximei dela, segurando seu rosto entre as mãos.

- Mãe, preste atenção. - Pedi com intensidade. - Isso não vai acontecer. Ninguém no mundo vai ser capaz de me convencer a te abandonar ou a abandonar a Deus. Nunca, está bem? Nunca.

Um plano para nós (PAUSADO)Where stories live. Discover now