Angeline narrando:
- Então... não há nada com o que eu deva me preocupar? - Minha mãe perguntou quando terminei de contar a ela, de forma resumida, o que me levou a sair com Thomas e o que nós fizemos.
- É claro que não. - Garanti com um sorriso.
Ela desviou os olhos de mim.
- Você disse que ele não quer mais ser seu patrão.
- Não. Apenas um homem que paga meu salário desde que eu cozinhe pra ele.
Ela riu.
- Sabe que isso não faz o menor sentido pra mim, não é?
- Alguma vez ele já fez sentido? - Eu ri também, antes de balançar a cabeça. - Pelo que entendi, eu apenas não devo mais satisfações a ele, sabe? Não sou mais obrigada a nada, não preciso mais seguir regras... acredito que seja isso o que ele quis dizer.
Minha mãe me encarou, o humor em seu rosto desaparecendo aos poucos.
- O que foi? - Perguntei franzindo a testa.
- Vocês parecem estar se aproximando.
- E isso é um problema?
- Não sei, Angie. Vocês não têm muito em comum.
- Mãe, nós só saímos... duas vezes. - Destaquei o fato.
- Mas ele parece se importar com você. Aliás... com você mais do que com qualquer outro. O que é uma novidade, devo dizer, já que há duas semanas ele te tratava como um lixo e você odiava isso.
- Eu nunca odiei ele.
- Não foi o que eu disse. Você odiava o modo como ele te tratava.
- Bem, ele não me trata mais assim.
Minha mãe ponderou minha resposta por um momento antes de soltar um suspiro cansado.
- Eu estaria mentindo se dissesse que não me preocupo.
Inclinei a cabeça.
- O que exatamente te preocupa, mãe?
- Ele pode ser muito convincente, Angeline. Muito persuasivo. E se um dia ele conseguir te fazer enxergar o mundo como ele enxerga? E se ao invés de você influenciá-lo, ele acabar influenciando você? E se por causa dele... você começar a questionar a existência de Deus?
Meu queixo caiu com o choque que suas palavras me causaram. Eu não podia acreditar que esse era o motivo da sua agonia.
- Eu garanto que isso não vai acontecer. - Afirmei com a mesma intensidade que usaria para dizer que o Sol ilumina o dia.
Ela continuou me olhando por um momento, em silêncio. Então desviou os olhos e começou a falar devagar:
- Olha, eu sei que posso estar sendo exagerada, ou até dramática desnecessariamente, mas preciso dizer. Se um dia você voltar para o seu pai... se decidir que quer me deixar e voltar pra ele, pra sua antiga vida... vai doer. - Ela assentiu e me olhou outra vez, então pude ver seus olhos brilhando. - Vai doer muito, Angie, mas eu vou aguentar. Agora... - Ela engoliu. - Se você decidir abandonar a Deus pelo mundo, mesmo ainda morando comigo... se abrir mão da sua fé... - Ela balançou a cabeça, a agonia visível em seu rosto. - Isso não dá. Isso eu não vou conseguir suportar.
- Mãe...
- Pode me deixar, se quiser. - Ela completou. - Mas por favor, Angeline, não abandone ao nosso Deus.
Balancei a cabeça para os lados e me aproximei dela, segurando seu rosto entre as mãos.
- Mãe, preste atenção. - Pedi com intensidade. - Isso não vai acontecer. Ninguém no mundo vai ser capaz de me convencer a te abandonar ou a abandonar a Deus. Nunca, está bem? Nunca.
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Um plano para nós (PAUSADO)
RomanceApós ter sua família irrevogavelmente desestabilizada por um infeliz acontecimento que resultou na separação de seus pais, Angeline se vê decidida a abandonar sua mordomia para viver com sua mãe em um casebre nos fundos da mansão de um dos magnatas...