Capítulo 13

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Angeline narrando:

Depois de finalmente conseguir convencer Diana de que meu lugar era na casa de Thomas, ela acabou aceitando a ideia de que não teríamos chance de fazer uma festa do pijama tão cedo.

Nos dias que se seguiram, aprendi a levar os poucos livros que eu tinha para meu local de trabalho e estudar enquanto cozinhava, obviamente deixando-os sempre distantes das refeições. O tamanho da cozinha não dificultava que eu fizesse isso.

Ao chegar em casa com minha mãe no final do dia o cansaço era tanto, que eu não tinha forças para fazer qualquer outra coisa além de orar com ela e ir dormir.

Dobrei minhas orações e meus propósitos. Havia muito tempo que eu não ouvia Deus falar comigo de um jeito tão extraordinário, e quando Ele finalmente falou, minha fé se ergueu de um jeito inexplicável.

Durante a semana sempre que Thomas tentava me abalar com palavras eu me lembrava das palavras daquela senhora e me sentia mais forte. Ele parecia cada vez mais frustrado, enquanto eu me sentia cada vez mais tranquila. Em certo ponto, cinco ou seis dias depois do almoço histórico, nada do que ele dizia ou fazia me afetava mais. E se afetasse, eu fechava os olhos e do fundo do meu coração, o perdoava.

Na semana que se seguiu recebi ligações de Tyler e do meu pai. Conversei com ambos normalmente, e respondi não todas as vezes que meu pai me pedia para voltar a morar com ele. Tyler, por incrível que pareça, parecia estar muito mais carinhoso e atencioso desde o dia que saí de casa, e eu não conseguia deixar de me perguntar o porquê. Ele não apareceu mais para me visitar, mas não era estranho eu receber alguma ligação sua depois das oito horas da noite, e algumas vezes conversávamos até que eu pegasse no sono deixando-o falando sozinho. Ele passou a se preocupar mais com como eu estava me sentindo e não tocou mais no assunto do meu pai, e por fim, nem mesmo Diana conseguia encontrar mais motivos para reclamar dele.

Talvez o fato de que ele não me via mais todos os dias fazia-o se tornar mais amoroso, e querendo ou não admitir, isso me agradava.

Lentamente, embora Thomas frequentemente me lembrasse que eu era um nada, minha vida finalmente parecia estar voltando aos eixos.

- Eu não entendo por que eles são tão importantes. - Ouvi meu patrão dizer pelo telefone enquanto limpava as prateleiras do seu escritório quase duas semanas depois do bendito almoço que abalou minhas estruturas emocionais. - Eu sei que as empresas deles são influentes, mas a nossa é muito mais.

Ele não havia voltado para a empresa depois do almoço aquele dia, e enquanto eu passava um pano úmido nos porta-retratos de sua família sobre as prateleiras, podia ver ele massageando as têmporas vez ou outra pelo meu olhar periférico.

- Eu sei disso, pai. Não os estou dispensando, mas... já pensou em trabalharmos com navios?

Olhei para ele de relance e o vi fechar os olhos apertado, dessa vez pressionando a parte entre suas sobrancelhas.

Logo percebi o motivo de ele não ter voltado para a empresa nem ter me insultado quando entrei em seu escritório para limpar. Ele estava sentindo dor.

Organizei todos os porta-retratos sobre a prateleira enquanto ele continuava o diálogo com o telefone no ouvido.

- É claro que estarei aqui amanhã. Já disse que não vou falhar com os malditos chineses.

E, sem dizer nada, peguei os produtos e saí do escritório deixando-o ainda de olhos fechados.

- Mãe... - Falei agradecendo aos céus por encontrá-la no corredor. - Sabe onde posso encontrar remédio para dor de cabeça?

Um plano para nós (PAUSADO)Where stories live. Discover now