Cap. 26 - Pessoas são pés

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Atravessei o pequeno campo de adolescentes empolgados demais com um jogo, que provavelmente ao fim da noite estariam desidratados, tanto era o suor gasto por nada, talvez em troca de algumas moedas que gastariam pra comprar qualquer besteira.

— Theo! — Eu gritei, com as mãos em concha ao redor da boca, tentando me fazer escutar por cima do barulho de adolescentes alvoroçados, mas precisei de muitas tentativas para conseguir que ela se virasse em minha direção, procurando por quem estaria gritando seu nome.

Assim que meus olhos azuis encontraram seus olhos castanhos, ela falou algo pra garota de cabelos brancos ao seu lado, lhe selou a boca com um beijo e a puxou um pouco mais pra perto de um jeito brincalhão, com a mão na parte baixa de suas costas, antes que ela se afastasse, se despedindo dos outros com um fist bump e indo em direção a outro grupo.

— Senta aqui, Maddie, a gente precisa conversar. — Um de seus pés a apoiava no chão e o outro estava contra a máquina de Pinball. Ela me chamou com o dedo indicador e o do meio juntos e fumou seu cigarro doce antes de apagá-lo com os dedos. Não iria fumar falando perto de mim.

— Eu também tenho algumas coisas pra te perguntar, Theo. — Com o frio, meus lábios desenharam uma nuvem no ar. 

Escondi minhas mãos nos bolsos do uniforme e caminhei sobre a grama até os dois.

— E então? — Theo fechou os olhos e fez o restante da cerveja deslizar por sua garganta. Em seguida, amassou a lata contra o metal da máquina de Pinball como eu tinha certeza, agora, que os demônios no inferno devem amassar os crânios dos pecadores. — Pode falar primeiro. Ah, quase que me esqueço: essa é Hailey e o imbecil do lado dela é Jayden. Kyle e Zee você já conhece. Essa é Amanda.

— Oi, Maddie! Desculpa, não me lembro muita coisa daquele dia, mas não se preocupe, eu não esqueci de você. — Kyle apertou minhas bochechas e bagunçou meu cabelo. — Você não tinha esse cabelo.

— O cabelo ela tinha, Kyle, ela só cortou. — Zee falou em sua voz monótona e baixa.

— Dá no mesmo.

— Muito prazer, Amanda, e vai se foder, Theo. — Hailey disse de um jeito meio confuso entre estar brincando e ter se sentindo realmente ofendida, mas olhou pra mim de um jeito gentil.

— Bom te ver de novo, Pritchett, tá se sentindo melhor? Como vão as coisas? E a sua irmã?

— Tão indo, eu acho. Ela tá bem.

— De onde vocês se conhecem? — A namorada dele, Hailey, que tinha cabelos muito bem cuidados e tava usando uma roupa que fazia ela parecer um personagem principal de videogame sobre vampiras patricinhas donas de boates, olhou pra ele de um jeito engraçado. Eu adivinhei na hora que ela era do tipo ciumenta, mas era a chefe daquela relação.

Na verdade, o grupo deles inteiro parecia de personagens principais. Olhei pra trás, onde Max mexia no celular e Raven arranjava conversa com gente da fila.

Parando pra pensar, acho que o meu também.

— Aconteceu um problema na escola de Jamie, acabei dando carona pras duas de volta pra casa. Naquele dia que precisei sair do trabalho mais cedo.

— Ah, você é a amiga de Jamie. — "A" amiga de Jamie? Como assim?

— Hã? — Jamie. Fazia algum tempo que eu não a via, ela não estava indo pras aulas. — Jamie. Como ela tá?

Jayden sugou o ar entre os dentes, fazendo uma careta meio incompreensível.

— Você devia ir ver ela qualquer dia desses. Seria bom uma amiga estar com ela. Perto da igreja, aquela. Alguns blocos pra frente, rua Pe. Frederic James Houston, 17-B.

A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora