CAP 17 - Meu Deus o que eu to fazendo

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— Eu, eu me chamo Amanda Pritchett

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— Eu, eu me chamo Amanda Pritchett. — Olhei pro espelho, na sexta-feira, depois de chegar de um dia cansativo de aulas onde eu tentei evitar ao máximo Raven e Maxine, com vergonha delas, por ter causado o problema que eu causei. Tinha voltado à estaca zero, me escondendo no banheiro do quarto andar durante os intervalos. — Eu gosto de...

Inspirei, escutando a música da minha playlist tocando suavemente por trás, me envolvendo num tecido quente e liso.

— De garotas. — Me olhei nos olhos. Eu me senti toda riscada de giz de cera amarelo por dentro. Falar aquilo me deu tanto alívio, mas, ao mesmo tempo, frio na barriga, talvez medo, eu não sabia. — Eu gosto de garotas.

— Lés- — Minha língua pareceu endurecer. Decidi arrancar com um band-aid. — Lésbica. Eu sou lésbica.

Falei tão rápido e nervoso que acho que nem eu consegui entender direito. Quanto tempo levaria até que eu conseguisse aceitar que era confortável aquele lugar? Era como ter uma cama cheia de travesseiros pena de cisne do meu lado e escolher dormir no chão enrolada no tapete.

Falar aquilo pareceu fazer explodir fogos de artifício em meu estômago. E eu sorri, mesmo queimada pelo fogo da explosão, mesmo com medo, mesmo confusa, eu sorri, porque me sentia diferente.

Era muito, muito esquisito falar em voz alta, mas estranhamente satisfatório. Me fez sentir bolhinhas estourando em "ploc", fazendo cócegas na minha barriga.

Que diabo de sensação era aquela?

Eu tinha passado o dia inteiro se eu deveria ir atrás disso mesmo, se não era o vento quente falando por mim, se seria errado (bem, errado tecnicamente era, mas quão errado seria?). Que tipo de coisas ruins poderiam acontecer? (E que tipo de coisas boas?) Me perguntei se não seria melhor apenas ficar em casa e esperar outra oportunidade cair do céu e me acertar a cara. Me perguntei se seria o momento certo, se eu apenas não seria adolescente demais pra ter certezas ou mesmo querê-las.

Se eu seria nova demais pra pensar nessas coisas, pra sentir tantas coisas. As pessoas me perguntavam o que estava errado e eu não sabia responder exatamente o que, porque eu não sabia por onde começar. Eu me arrependeria disso quando estivesse mais velha?

Quanto mais eu pensava nessas questões, mais eu me via sozinha, por não ter a quem fazer essas perguntas, alguém que realmente me compreendesse, que via a vida como eu e podia me dizer o que fazer. Cada vez que eu pensava nisso, mais eu confiava no vento e no que ele me disse.

Por mais que eu tivesse medo de enfrentar essa situação nova e sozinha, por mais que eu tivesse medo de não apenas não conseguir entrar como, também de ser enxotada e humilhada por ousar lutar por mim.

Sentei no chão do quarto e joguei EdgeRoll até umas 7 da noite, quando percebi que não fazia ideia da hora que seria essa festa e nem de se eu ainda me lembrava o que as vozes haviam falado no banheiro. Consegui ser a jogadora da partida 3 vezes com a Tracer.

A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢Onde as histórias ganham vida. Descobre agora