CAP 12 - Um gato chamado Primeiro-Ministro

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Quando Jess saiu correndo na minha direção, eu sabia que algo muito bom tinha acontecido.

— Mandy! Mandy! Eu entrei no clube de robótica! A primeira reunião foi hoje! As inscrições ainda estão abertas, mas já tem muita gente, foi muito legal, a gente vai fazer um robô que faz coleta seletiva! Olha! — Ela me mostrou um papel cheio de números, letras, imagens explicativas e desenhos de peças.

— Você vai fazer sozinha isso ou é em grupo? — Peguei o papel e dei uma olhada rápida enquanto pegávamos o caminho pra casa.

— É em grupo. Primeiro, vai todo mundo trabalhar junto, depois vão formando grupos menores até a gente poder fazer individualmente. A professora disse que vai demorar pra gente chegar lá, mas todo mundo é legal, eu que dei a ideia do robô, todo mundo gostou. A gente quer fazer uma luta de robôs no final do ano. Vou fazer o meu usar uma nerf, aquelas arminhas de borracha, sabe? Mas não sei se é melhor uma espada ou um robô guindaste.

— Como um guindaste venceria uma luta de robôs?

— Dá pra colocar uma garra na pontinha e usar pra derrubar os outros, sendo que é difícil de derrubar ele. E ganha quem derrubar o robô do outro e ele não conseguir se levantar.

— Que legal, Jess, parece muito divertido.

— Divertido? — Ela tirou o papel da minha mão. — É muito sério, tá bom? A gente pode ter uma barraquinha com nossos robôs no festival de primavera. E eu quero fazer aula de dança, trouxe isso aqui pra mamãe assinar.

— Você não vai ficar muito cheia de coisa pra fazer não?

— Por que eu faria só uma se eu sei fazer tudo? — Ela olhou pra mim debaixo da franja com um olhar inocente e desafiador. Eu baguncei o cabelo dela.

— Peste. — Ela sorriu e mexeu no meu cabelo de volta.

Quando chegamos em casa, fui fazer as atividades que recebemos durante o dia. Mamãe ainda não tinha chegado, então preparei uns sanduíches pra lanchar com Jess assistindo televisão. Ela me falou que tinha muitas competições no Festival de Outono, daqui a duas semanas, e que ela queria assistir e tentar participar da batalha de dança livre infantil. Ela fazia aulas de dança três vezes por semana em Vansmourth e gostava muito de break. Eu não tinha muito conhecimento no assunto, mas acho que ela mandava bem nisso. E ela gostava, o que era mais importante.

— Você gosta daquela menina lá da igreja? — Ela perguntou casualmente, mordendo um sanduíche com os olhos vidrados na competição de culinária que estava passando no canal aberto. — Nossa, não, isso vai ficar horrível. Quem bota barbecue no leite condensado? Eca. Elimina logo ele.

— Como assim? — Eu suei frio. Ela virou o rosto pra mim, com a bochecha cheia de pão com queijo, presunto, creme de frango, alface e tomate. Mamãe fez uma pequena feira no domingo.

— Ah, sei lá. — Ela cruzou as duas pernas sobre o sofá, os dedinhos do pé balançando debaixo da coxa. — Você tava com cara de assustada, mas não assustada, assustada. Assustada, assustada.

— Ah, isso. Eu mal falo com ela. — Mordi meu sanduíche e dei um gole de suco de laranja.

— Tá, mas não tem nada a ver. Você pode gostar de alguém sem falar com ela e pode odiar alguém que você fala todo dia.

— Ela é legal, eu acho. — Jess olhou pra mim e depois se virou pra TV. — Não entendi o que você quis dizer.

— Entendeu sim. — Ela bebeu o resto do suco e levou o copo e o prato até a cozinha, lavando rapidamente. Eu fiquei calada, nervosa. Jess voltou e se deitou encolhida no sofá com a cabeça no meu colo. Pus a mão sobre o cabelo dela e lhe fiz carinho, puxando o lóbulo de sua orelha e os dedinhos dos pés até o programa acabar. — Eu disse. Ninguém mistura barbecue com leite condensado, que nojo. Mas eu queria aquela torta lá de chocolate.

A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢Where stories live. Discover now