CAP 41 - Cem mil quilômetros no meio do nada

665 139 401
                                    

Quando viu eu me aproximando, Brooke parou de tocar, apoiou o baixo na coluna de metal do palco e pulou pro chão. Seus cabelos ruivos e cacheados, curtos, subiram um pouco e balançaram.

— Oi, Mandy! — Ela disse, vindo na minha direção. O sorriso que ela havia construído foi aos poucos se desfazendo. Dei mais um gole da bebida. Ela olhou pro lado e passou a mão direita pelo cabelo, suspirando e virando seus olhos na direção do chão. — Olha, Mandy, desculpa.

Ela olhou pra mim com olhinhos de cachorro.

— Pelo jeito que eu agi lá no cinema. Me desculpa. É que eu queria ficar com você, acho que fiquei com ciúmes. Não foi a melhor forma de demonstrar isso. — Ela olhou pra trás. Eu olhei junto com ela.

Max tinha parado de tocar e se levantou pra ir falar com Raven e o pessoal que veio com a gente e estava na área do sofá. Bebi mais da garrafa.

— Como foi? Com ela? — Olhei pra Maxine. Ela estava vestindo uma calça cargo bege, casaco preto enrolado na cintura, tênis pretos com detalhes vermelhos e brancos, uma touca vermelha e uma camiseta preta de Joan Jett com uma camisa vermelha de manga longa por baixo. Ela deu um tapa na cabeça de Thomas e todo mundo riu enquanto conversavam.

— O que foi que aconteceu com a baterista, por que vocês brigaram? — Brooke olhou pra baixo e mordeu o lábio inferior.

— Eu prefiro não falar sobre isso agora, eu só quero aproveitar meu aniversário.

— Hoje é seu aniversário? — Brooke assentiu.

— Aham. 17 anos.

— Ai meu deus, feliz aniversário! — Eu a abracei. Senti o frio e a textura de sua jaqueta de couro preto. Por baixo, ela usava uma camiseta branca. — Por que você não falou antes? Eu teria trazido alguma coisa. — Ela negou com a cabeça e riu um pouco.

— Não precisa, tá tudo bem. — Ela sorriu de novo. O vento frio bateu no cabelo dela, o balançando para o lado. Seus olhos pareciam mais verdes hoje, mais brilhantes. Talvez estivessem marejados. — Olha, eu fiz uma coisa pra você.

— O quê? — Fiz uma expressão confusa. Eu queria apenas respostas e estava recebendo apenas mais perguntas. 

— Não posso falar agora. — Ela sorriu de lado e mordeu o lábio inferior. — Vai estragar a surpresa.

— O aniversário é seu e você que faz uma coisa pra mim. — Ela deu de ombros, com as mãos nos bolsos, e sorriu.

— Eu gosto de ser romântica de graça. — Eu ri. Não sei se foi de nervoso.

— Olha, Brooke, sobre isso. Eu queria conv- — Ela olhou para algum ponto atrás de mim e deu um "tchau". Olhei pra trás e não reconheci a menina que estava entrando.

— Desculpa, é que uma amiga minha acabou de chegar. Preciso falar com ela rapidinho, é uma coisa importante. Tudo bem? — Olhei pra menina de novo.

— Tudo, tudo bem. — Suspirei.

— Oi, Sierra, tudo bem? — Brooke deu uma corridinha e levantou o braço pra menina notar ela. A menina, ao notar, sorriu. — Você trouxe? Vem, deixa ali.

Eu andei até onde o pessoal estava, bebi o resto da bebida que sobrava e já estava um pouco quente. O ar estava denso e frio, meu nariz doía um pouco.

— Voltei. — Falei. Todo mundo olhou pra mim. Olhei pra Maxine. — Oi, Max.

— Oi, Mad. — Ela sorriu e encostou seu mindinho no meu, o abraçando e olhando pra mim com o canto do olho.

A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢Donde viven las historias. Descúbrelo ahora