CAP 14 - Sobre pinguins e o Pé Grande

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 Quando eu voltei pra casa naquele dia, com um fone de ouvido pendurado numa orelha e o outro ameaçando puxar pra baixo o que estava pendurado, passei o caminho todo apenas escutando Jess contar como havia sido a primeira semana no clube de dança ...

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Quando eu voltei pra casa naquele dia, com um fone de ouvido pendurado numa orelha e o outro ameaçando puxar pra baixo o que estava pendurado, passei o caminho todo apenas escutando Jess contar como havia sido a primeira semana no clube de dança na escola nova, assim como sobre novidades do clube de robótica e como estava sendo a montagem e programação do robô do grupo dela, falando, animada, sobre seus novos amigos.

Jessica gostava de andar sobre os tijolinhos que ficavam ao redor dos canteiros nas calçadas, pulando de um canteiro pro outro, tentando não tocar o chão. Ela fazia todo tipo de balé pra não pisar na calçada em si, desde usar corrimões das escadas de algumas lojinhas pra tomar impulso até se pendurar em galhos de árvores e se balançar pro canteiro seguinte.

— Cansei de falar, agora fala você. — Ela disse, alguns metros à minha frente, sem parar ou se virar pra olhar pra mim, andando com os braços erguidos pros lados do corpo.

— A gente não precisa falar o tempo todo, sabe? — O vento soprou meus cabelos pra trás.

— Não, mas você quer. — Ela pulou sobre um banco de madeira entre dois canteiros e seguiu pelos tijolinhos depois. — Aconteceu alguma coisa e você não quer me contar.

— Não aconteceu nada hoje, só mais um dia chato e normal. — Dei de ombros e olhei pras nuvens.

— Você é uma péssima mentirosa, Mandy. — Ela entrou numa conveniência cheia de revistas e umas flores em potinhos nas janelas de madeira abertas que tinha no meio do caminho pra nossa casa. — Eu sei que a sua vida não é tão interessante quanto a minha, mas essa sua cara tá mais esquisita que o normal. Pra onde você tá indo?

Eu tinha resolvido fazer um caminho um pouco maior dessa vez, dando a volta por trás dos blocos de casa.

— Sei lá. Andando. Faço isso todo dia. — Olhei ao redor como se procurasse algo.

— Até parece. — Jess pulou pra outro banco. — Mas depois a gente pode passar na banquinha de revistas que tem pro outro lado?

— Pode. Que que tem lá? — Fechei um pouco os olhos enquanto desviada meu rosto pra olhar Jess.

— Revistas.

— Não me diga, gênio. — Ela se pendurou em um poste e girou o segurando com uma mão como se estivesse naquele filme onde o cara dança na chuva, não me lembro o nome agora. Ela encolheu os ombros.

— Você que perguntou. — Ela suspirou. — Mamãe disse que eu podia comprar uma revista de desenho.

— Ah, ok.

Atravessamos a rua auxiliadas por uma moça do pirulito, como eu chamava aquelas placas amarelas e gigantes que essa galera usando coletinho neon segurava pra parar os carros. Tinha muitos desses ali perto das escolas, como era de se esperar.

Seguimos um pouco mais pra frente na rua e eu ficava olhando pra direita, procurando aquela loja esquisita cheia de coisas que não tinham nada a ver umas com as outras que eu tinha visto Maxine entrar esses dias. Eu não sabia exatamente a razão de estar indo atrás disso, acho que eu queria tentar entender por que eu sentia que ela era tão familiar pra mim.

A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora