CAP 13 - Guaxinim de gloss, ladra de materiais artísticos

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 Durante a semana, eu levei minha nova câmera velha pra escola e tirei algumas fotos do céu, do telhado visto de baixo, das árvores, das paredes, da grama, de todas as plantas, dos passarinhos que faziam ninhos ali no complexo, das minhas mãos, do...

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Durante a semana, eu levei minha nova câmera velha pra escola e tirei algumas fotos do céu, do telhado visto de baixo, das árvores, das paredes, da grama, de todas as plantas, dos passarinhos que faziam ninhos ali no complexo, das minhas mãos, dos meus pés, da minha cara deitada na grama. Tentei ocupar meu tempo nos intervalos tirando fotos pra recortar, colar e desenhar nelas depois, achei que talvez pudesse tirar minha mente daquele lugar. Obviamente, não funcionou.

Há alguns dias, eu estava implorando pra ela escolher me ignorar por completo ou apenas falar comigo normalmente. Quando ela resolveu me ignorar, achei que tudo isso acabaria. Por dentro, eu estava torcendo pra ela escolher a segunda opção, sem ter a menor ideia do quanto eu sentiria falta de alguns segundos de meios-sorrisos.

Eu não conseguia sentir raiva, apenas me sentia frustrada, triste, vazia. Eu não tinha nada mais pra dar, nada, havia morrido todas as minhas vidas em troca dos sorrisos daquela garota.

Se tinha uma coisa que eu tinha aprendido a mais sobre Jamie nesse tempo é que ela era obstinada, então, provavelmente, teimosa e cabeça dura também, eram sempre características que andavam juntas. Pelo resto da semana, ela fez questão de me evitar a todo custo e de qualquer forma.

Saía dos banheiros onde eu entrava, mudava de direção nos corredores, dava a volta pra não me encarar, olhava pro outro lado, virava de costas, sempre com Jonathan e os amigos dele do lado, ela quase nunca estava sozinha.

Menos na quarta e na sexta-feira. Na quarta-feira, eu estava subindo a escada da Sociedade dos Poetas Mortos enquanto ela descia. Eu estava olhando pro chão, mas eu reconheci facilmente aquelas pernas debaixo da saia quadriculada do uniforme e hesitei sobre se deveria olhar ou não pra cima. Eu não olhei, só desviei e continuei a subir, dando espaço que imaginei ser suficiente pra não raspar sequer o tecido do meu blazer no dela. Só que quando eu cheguei no patamar de madeira que ficava entre os andares, cruzando as escadas, e me virei pra subir o próximo lance, girando no corrimão como sempre costumei fazer, foi impossível não notar, pelo canto do olho, que ela tinha continuado paradas no mesmo lugar.

Fechei a cara e andei com os punhos fechados até a sala de artes só de pirraça, escondendo minha cara nervosa com o cabelo ao olhar pra baixo. O nervoso não tinha passado, ainda tinha um porco espinho sapateando no meu estômago e deixando farpas no meu esôfago, quando tentava escalar pra dar um "oi" ao mundo, que faziam feridas que me deixavam queimando por dentro.

Se eu não estava conseguindo me concentrar nas aulas antes, agora era ainda pior. Tudo era pior. Eu conversava com Raven e Maxine sem prestar atenção a nada que elas falavam, apenas respondendo com "hum" e "uhum", sem sequer saber com o que eu estava concordando. Eu tinha certeza que todo mundo que olhava pra mim no corredor, por mais rápido que fosse, sabia. Todo mundo sabia.

Desviei do caminho e me escondi no banheiro enquanto o sinal ainda não havia tocado. Eu não queria estar na sala agora, não queria ter que escolher entre segurar o choro até o fim da aula ou chorar quietinha, escondida atrás da cabeça de alguém, com o caderno aberto só pro professor não estranhar, já que meus olhos marejados de lágrimas me impediriam de enxergar o quadro.

A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢Onde as histórias ganham vida. Descobre agora