— E aí, o que vocês vão fazer esse fim de semana? Eu tava pensando em chamar todo mundo pra ver um filme. — Raven limpou os óculos com um liquidozinho que ela espirrou de dentro de um frasco e passou um paninho branco em círculos pelas lentes depois da aula de quarta-feira. Várias pessoas faziam barulhos abafados de conversas e caminhavam a passos lentos e rápidos ao nosso redor.
Estávamos andando pelo corredor principal da Casa do Anticristo, em direção à saída. Éramos eu, Ray, Max, Tom, Jamie e Theo. Nosso grupo havia crescido bastante.
— Todo mundo? Inclusive eu? — Jamie perguntou, insegura. Eu vi quando Theo passou o braço esquerdo pelos ombros dela.
— Claro que sim, boba, você é nossa amiga agora, né? — Ray olhou pra trás, onde Jamie andava olhando pros lados e Theo alisava seu ombro esquerdo e sussurrava alguma coisa em seu ouvido, a fazendo sorrir como se passarinhos voassem ao seu redor.
— Eu vou. — Thomas falou logo em seguida, afobado. — Quer dizer, se todo mundo for. Se for acontecer, é claro. Eu vou. É o que eu quero dizer. Não sozinho com você porque isso seria estranh-
— Thomas, cala a boca. Você tá parecendo um pateta. — Maxine falou, bagunçando o cabelo cacheado de Tom, que ficou vermelho. — Chama logo Ray pra sair.
Ray fingiu tossir e riu.
— O que foi? — Max perguntou, Ray riu baixinho.
— Nada não. — Max sussurrou alguma coisa no ouvido de Ray. — Ah, já? E você não me contou?!
Raven bateu de brincadeira em Maxine, que falou alguma coisa no ouvido dela de novo. Aí ela olhou pra mim e depois sussurrou pra Max.
Me senti um pouco desconfortável, queria saber sobre o que elas estavam sussurrando.
— Ah, Ray, vai ter uma festa lá em Brooke no sábado. Eu quero ir, mas não sei se vou porque tô de castigo por causa daquele dia que a gente foi pro Festival. Eu cheguei tarde em casa. — Respondi, mexendo no cabelo meio nervosa.
— Na casa de Brooke?! — Max perguntou quase gritando. — Foi mal.
— Não sei, eu ia perguntar hoje.
— É na casa de Kyle, perto da libraria Harlock, depois da igreja. Acho que todo mundo aqui pode ir, meu primo vai tocar lá. Tá tranquilo. Eu aviso a Brooke. — Theo falou e logo depois olhou pra mim. — É de tarde, diz aos seus pais que você não chega tarde, então.
— Vou tentar. — Eu fiquei um pouco nervosa, parecia que tinha gladiadores na minha cabeça. Max, Jamie e Brooke no mesmo lugar. MAX E BROOKE NO MESMO LUGAR? E Jamie, que me beijou outro dia, no mesmo lugar de Brooke, que é quem eu to beijando. E Maxine, que eu... Meu Deus do céu. Eu vou morrer.
— Mad? — Max estalou os dedos na minha frente. — Tá tudo bem? Você tá com os olhos bizarros há tipo 5 horas. Assim ó.
Max arregalou os olhos o máximo que pôde, usando os polegares e indicadores, o que me fez rir.
— Não exagera, Maxine. — Raven falou.
— Eu não tava assim! — Bati de brincadeira em Max.
— Tava sim! Eu vi! — Max arregalou os olhos de novo e se inclinou na minha direção. — Uuuh!
— Sai! — A empurrei de leve.
— Viu? Bizarro. — Max tirou uma touca azul escuro do bolso lateral da mochila e o colocou sobre a cabeça.
Chegando na escada, Max se abaixou pra desprender o skate da parte de trás da mochila. Ela sempre tinha duas baquetas presas em um dos bolsos laterais e uma touca no outro bolso, o que eu achava muito legal.
YOU ARE READING
A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢
Teen FictionAmanda Pritchett tem 15 anos, pais recém-divorciados, uma irmã de 11 anos, um costume antigo de rabiscar e fazer colagens, uma imaginação tão fértil que talvez seja um pouco preocupante, uma luz noturna infantil e vontade de beijar garotas. Após o d...