— Uau, é muita coisa pra absorver. — Papai colocou a mão sobre a boca. Assenti com a cabeça.
— É. Pra mim também. — Pus as mãos entre minhas pernas, ainda com o uniforme da escola.
— E essa Maxine? — Eu sorri, ele deu um soquinho no meu ombro. — Você gosta dela?
Assenti, abrindo meu sorriso.
— Gosto. Eu gosto muito dela.
— E como você tá? — Ele colocou o braço por trás dos meus ombros, se apoiando nas costas da cadeira de madeira.
— Um pouco melhor, mas pra mim ainda é meio confuso saber o que eu vou fazer. — Eu olhei pra ele, com os olhos ainda marejados. Eu não aguentava mais chorar hoje. — Tipo, eu vim pra cá por impulso, foi o primeiro lugar pra onde eu pensei em ir.
Dei de ombros.
— Mas lá eu tenho amigas novas. — Parei pra pensar. — E um amigo. Ou dois. Não sei se Kyle conta. E eu estava me adaptando bem, sabe? Melhor do que eu estava aqui. Aqui era diferente, todo mundo da minha turma já me conhecia e eu nunca andava com ninguém. Estava sempre sozinha. Eu ia voltar à estaca zero se voltasse pra cá, fora que eu ia sentir falta dos meus amigos e de Jess.
— E da sua mãe. — Cerrei as sobrancelhas e cruzei os braços. — Não adianta fazer essa cara.
Ele levantou meu queixo e eu olhei pra ele.
— Amanda, você sabe que ia sentir falta da sua mãe. Ela pode não ser a melhor mãe do mundo, mas ela estava tentando te proteger do jeito dela, ela se esforça. Só precisamos conversar um pouco, ela precisa voltar pra terapia pra lidar com a depressão dela. Você sabe que ela nem sempre foi assim. As coisas que acontecem na vida mudam as pessoas, causam cicatrizes, e essa é a da sua mãe. Infelizmente, ela não estar lidando bem com isso faz com que ela deixe cicatrizes em você. A depressão muda as pessoas, deixa elas irritadas, dentre muitas outras coisas.
— Não, eu não sentiria falta dela. — Papai olhou pra mim e expirou. — E por que eu deveria ter paciência com ela depois de tudo que ela fez comigo, de tudo que ela falou pra mim? Ela é a minha mãe, eu não sou a mãe dela!
— Eu sei, Shahad. — Ele fez carinho no meu cabelo. — Não é sua obrigação. Mas estou te pedindo pra entender o lado dela. Tudo na vida tem dois lados, ela não está fazendo nada pra te machucar.
— Mas ela machuca. — Papai suspirou e olhou pro lado, mexendo o bigode.
— Lembra quando você e sua irmã eram mais novas e estavam brincando num parquinho, Jessica tinha descido no escorregador, você desceu logo depois sem ver se ela tinha saído do brinquedo e acabou machucando ela? — Assenti. — Você não quis machucar sua irmã, mas machucou. Foi por falta de atenção, de responsabilidade com a sua irmãzinha.
— Eu tinha 8 anos, mamãe tem 40 e sei lá quantos. E ela não está descendo no escorrego.
— E todo mundo faz coisas que não deveria em qualquer idade. Todo mundo erra. E eu aposto que ela está se sentindo mal pelo que falou, só que ela só percebeu que era errado depois de falar. — Ele alisou a minha mão. — Agora eu preciso que você ligue pra ela e avise que está aqui.
Ele me entregou o celular dele, mas eu o afastei.
— Não vou.
— Ela deve estar morrendo de preocupação, filha.
— Duvido.
— Então eu vou ligar pra ela e avisar que você está aqui.
— Você sabe que ela não te atende.
YOU ARE READING
A Vida Absolutamente Ordinária de Amanda Pritchett ⚢
Teen FictionAmanda Pritchett tem 15 anos, pais recém-divorciados, uma irmã de 11 anos, um costume antigo de rabiscar e fazer colagens, uma imaginação tão fértil que talvez seja um pouco preocupante, uma luz noturna infantil e vontade de beijar garotas. Após o d...