66° Cap.

6.3K 371 102
                                    

03:00 / 16 de outubro, sexta.

Ana Liz on

Ontem o dia estava tranquilo, estava mega feliz pois ia passar a noite com meu pai. Quando o vi partindo aos poucos, senti como se minha vida estivesse acabado.

Lembro de ter visto meu pai fechar os olhos devagarinho, e assim que suas pálpebras se fecharam totalmente, aquele barulho perturbador do monitor de batimentos começou a ecoar pelos corredores do hospital.

Ainda ouço aquele barulho, e não consigo esquecer a imagem dos médicos entrando as pressas no quarto. Um enfermeiro fortão me tirou do quarto enquanto eu só gritava por meu pai... Nunca imaginei que passaria por algo assim, que nem nos filmes. Muito menos que veria meu pai ir embora enquanto segurava minha mão.

A primeira pessoa que liguei, foi o Lucca. Não disse o que tinha acontecido para ele não ficar tão nervoso, só falei para ele vir até o hospital o quanto antes. Depois liguei para minha mãe, e tentei tomar o mesmo cuidado que tomei com meu irmão, pois ela estava do outro lado da cidade e poderia acabar batendo o carro por conta do desespero.

Lembro vagamente de pegar o celular e ligar para o primeiro número que apareceu. Eu estava apavorada, e só percebi que havia ligado para Connor, quando ele atendeu e eu olhei o nome.

Ele não demorou muito para chegar. Meu corpo estava paralisado, sem conseguir falar, chorar ou qualquer coisa mais. Minha garganta estava doendo horrores, como se as lágrimas quisessem sair, mas tivesse algo impedindo.

Connor me abraçou, o que me acalmou muito. Depois a enfermeira me ajudou e disse que meu pai estava bem... Foi o maior alívio que eu já senti em minha vida.

Claro que ele ficou preocupado e quis saber o que havia acontecido. Assim que eu expliquei, vi seus olhos encherem d'água... Ele simplesmente me abraçou e aquela doida da namorada dele apareceu me xingando.

Assim que ele a puxou para fora do hospital, vi os dois discutindo através da porta de vidro. Tinham algumas pessoas assistindo a briga deles, mas a maioria estava mais preocupada com seus parentes... Assim como eu.

Meu irmão chegou e Connor foi embora com a loira azeda. Expliquei tudo para ele, e o mesmo desabou em meus braços.

Nunca vi Lucca daquele jeito antes, mas é nosso pai que estava lá dentro, então é compreensível a dor dele. Nossa mãe chegou uma hora depois, e foi muito difícil ver a reação dela.

Estamos até agora esperando a cirurgia acabar. Fiquei deitada no ombro de minha mãe, enquanto seguro a mão de Lucca. Cochilei algumas vezes, mas sempre que ouço um barulho na porta, acabo acordando.

Doutora: Senhora Garcia?- uma médica disse vindo até nós.

Clarice: Oi, como ele está, doutora?- perguntou se levantando.

Doutora: Ele está bem, eu só vim avisar que a cirurgia já finalizou.- sorriu e minha mãe simplesmente a abraçou como agradecimento.

Lucca: O que exatamente houve com ele, doutora?

Doutora: Ele teve uma hemorragia interna, devido à cirurgia anterior. E isso causou diminuição na pressão do sangue, o que acabou resultando em uma parada cardíaca.- minha mãe a olhou sem reação.- Ele é um guerreiro, enfrentou algumas dificuldades durante a cirurgia, e mesmo assim está aqui com vocês.- sorrimos.

Liz: Quando vamos poder vê-lo?- perguntei limpando as lágrimas de alívio.

Doutora: Ele está dormindo, e precisa muito descansar.- olhou para a prancheta.- Recomendo que venham hoje a tarde, mas gostaria de saber quem vai passar a noite com ele hoje.

O Idiota do Meu VizinhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora