95° Cap.

3.5K 234 57
                                    

7:00 / 08 de novembro, domingo.

Ana Liz on

Os últimos dois dias foram bem cansativos. Minha chefe viajou, o neném ficou doente e como eu que estava cuidando dele, acabei nem dormindo direito da sexta para o sábado.

Graças a Deus hoje é minha folga! Planejei o dia todo pra ficar embaixo da coberta assistindo série.

Ouvi um estrondo vindo da rua e acabei levantando no susto. Olhei pela janela e vi um poste caído e um caminhão batido com um monte de carga no chão. Também tinha um carro todo amassado na frente do caminhão, e quando olhei bem, percebi que era o carro do Scott.

Entrei em desespero. Calcei minha pantufa na rapidez e saí correndo de casa batendo na porta dos meninos o mais forte que consegui.

Scott: Oi...- abriu a porta sonolento e meu coração quase parou, porque se não era ele que estava lá, então era Connor.- Liz, o que aconteceu?!- perguntou preocupado assim que arregalei os olhos.

Liz: S...seu...- disse sem ar e aflita.

Scott: Pelo amor de Deus, Liz...- colocou a mão em meu braço.- Respira!

Liz: Cadê o Connor?!- disse alto e ele me olhou mais estranho ainda.

Scott: Ué... Tá dormindo eu acho.

Liz: ACHA?- perguntei assustada e entrei correndo pro quarto dele.

Assim que abri a porta, vi ele dormindo tranquilo na cama. Respirei de alívio com a mão no coração, e escorreguei no batedor da porta, até me sentar no chão.

Scott: Toma...- me entregou um copo de água e então eu bebi.- Tá mais calma?- assenti.- Agora me explica o que aconteceu.- se abaixou ao meu lado.

Liz: Não se desespera... Mas aonde estava estacionado seu carro?- o olhei.

Scott: Na rua, por que?- franziu a testa com dúvida e eu coloquei a mão na testa.- O que aconteceu com meu carro, Liz?- se preocupou.

Liz: Eu não sei como contar de um jeito tranquilo... Mas um caminhão bateu nele.

Scott: QUE?!- gritou.

Connor: Que isso?- sentou na cama esfregando os olhos.- Liz?

Scott: Por favor, Liz... Não brinca com isso não!- me olhou preocupado.

Liz: Tá doido? Eu não ia brincar com uma coisa séria dessas. Não viu o desespero que eu cheguei aqui não? Achei que um de vocês estava lá dentro.

Connor: Gente, o que foi?- veio mais pra ponta da cama.

Scott correu pegar o chinelo e Connor foi no embalo, ainda perguntando o motivo do nosso stress.

Descemos até o térreo de pijama mesmo, e assim que saímos, Scott começou a chorar logo que viu o carro. Connor ficou sem reação, e eu fiquei com o coração cortado ao ver o olhar deles de tristeza.

Esse carro tem um valor afetivo para eles, pois foi o avô que deu antes de falecer. Imagino a dor que foi ao ver o carro naquele estado, mas confesso que prefiro ver eles tristes ao invés de machucados.

Liz: Eu sinto muito...- coloquei a mão no ombro de Scott, e o mesmo se sentou no chão com as mãos apoiando a cabeça.- Scott...- o olhei triste, e Connor segurou meu braço, me puxando com delicadeza.

Connor: Deixa, princesa... Ele não vai responder.- me abraçou e eu tentei me esquentar.- Tá tremendo, quer entrar?- me olhou.

Liz: Não... Tá tudo bem.- olhei para Scott.- Ele precisa da nossa companhia.- Connor assentiu.

Logo a polícia chegou e dois policiais vieram falar com a gente. Explicamos que não presenciamos o exato momento, mas que o carro danificado é dos meninos.

Graças a Deus ninguém se feriu. Fiquei mais aliviada, porém com dó do moço que além de pagar o caminhão dele, terá que arcar com o concerto do carro e a carga que grande parte voou e danificou na hora da batida.

Caminhoneiro: Desculpa moço. Não vi seu carro aí.- falou tranquilo pra Scott que logo cerrou os punhos.

Connor: Perdão meu senhor... Mas porra, não ver um carro vermelho chamativo desse aqui tem que ser cego pra um cacete!- cutuquei Connor pelo palavreado.

Caminhoneiro: Eu não vi.- a tranquilidade dele tava me estressando num nível.

Scott: Com essa visão tá dirigindo essa merda por que?!- disse grosso.- Caralho! Olha o estado do meu carro!

Caminhoneiro: Se você mora nesse prédio aí, porque não guardou na garagem?- deu de ombros e aí fui eu que perdi a paciência.

Liz: A culpa é dele agora por você ser um péssimo motorista?!- me aproximei.- O carro é dele e ele tem o DIREITO de estacionar aonde quiser! Os motivos não interessam ao senhor, não é da sua conta! Agora... Por que não se preocupa com essa visão ruim do caramba e compra a porra de um ÓCULOS?!- me alterei.

Caminhoneiro: A senhorita me respeita!- me repreendeu e eu senti o cheiro de cachaça.

Liz: Não respeito não! Sabe por que?- o olhei.- Se tivesse nevando, o senhor até teria desculpas pelo acidente... Mas esse bafo de bebida, e essa tranquilidade podendo colocar a vida de alguém em risco, faz o senhor perder esse privilégio!

Caminhoneiro: Ninguém se machucou, louca.- riu.

Liz: MAS EU PENSEI QUE MEU NAMORADO OU MEU AMIGO TINHAM SE MACHUCADO, OU ATÉ MORRIDO COM O ESTADO QUE TÁ ESSE CARRO!- fui pra cima dele, mas os meninos me puxaram.- O único louco aqui é você! Seu idiota!- tentei me soltar.

Connor: Liz, tá tudo bem...- me puxou para perto, mas tentei me soltar de novo.- LIZ!- o olhei e ele me puxou para um abraço.- Tá tudo bem, meu amor... Respira fundo.- respirei.- Esquece, esse idiota não vale sua atenção.

Scott: Eu até pensei em não cobrar do senhor, pelo conserto do carro...- apontou na cara do homem.- Mas sua inconveniência me fez mudar de ideia.- apertou os dentes.

Policial: Senhor...- encostou no ombro de Scott, chamando a atenção do mesmo.

Scott ficou conversando com a polícia, e Connor subiu comigo. Entramos no apartamento dele e Connor foi direto buscar um cobertor no quarto do Scott. Connor desceu levar o cobertor para o irmão, pois está uns 4 graus lá fora.

Me sentei na cama do Connor e me enfiei embaixo da coberta, pois estou morrendo de frio.

Connor: Liz?- veio até a porta do quarto.- Cheguei princesa.- sorriu.

Liz: Oi.- sorri de volta e ele veio até a cama, logo me abraçando e se deitando.

Connor: Me fala um negócio...- sorriu de orelha a orelha e eu o olhei.- Namorado, é?- revirei os olhos e acabei rindo.

Liz: Nem vem.- escondi meu rosto no ombro dele e me aconcheguei no abraço.- Mas não sei nem descrever o desespero que senti só de pensar que um de vocês estava lá dentro...- ele apertou o abraço.

Connor: Ta tudo bem minha princesa.- beijou minha cabeça.- Vai poder desfrutar dessa gostosura por muito tempo ainda.- sorriu e eu gargalhei.

Liz: Tonto!- riu.- Vem cá... Seu irmão vai ficar sozinho resolvendo aquelas coisas do carro?

Connor: Não...- colocou meu cabelo atrás da orelha.- Minha mãe já está sabendo e vai encontrar ele na delegacia. Pode confiar que a véia é boa nessas coisas.- beijou minha testa e eu sorri.



O Idiota do Meu VizinhoWhere stories live. Discover now