Capítulo 10

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Eu não consegui esconder a decepção do meu olhar quando me virei pra Diogo. De todas os lugares do mundo, por que ele tinha que me levar justamente na única cidade que eu estava fazendo de tudo para evitar?

- Por que me trouxe aqui Diogo? - Perguntei lutando contra a onda de emoções que me dominavam.

- Eu disse que queria te levar em um lugar. - Ele respondeu em tom alerta. Com certeza já tinha percebido que havia algo errado comigo.

- Por que aqui? - Perguntei de novo.

- Luna... qual é o problema?

- Esse lugar é o problema! - Olhei em volta. - Por que não me disse?! Caramba, eu não estava pronta! Eu não queria voltar aqui, Diogo! - Então baixei meu tom de voz. - Por que não me disse?

- Me desculpa. Eu não queria te decepcionar. - Ele se aproximou de mim devagar. - Mas de qualquer forma, você precisa superar, Luna. Não dá pra fugir de uma cidade pelo resto da vida só porque você tem lembranças que quer esquecer. Não vale a pena, vai por mim. - Ele pousou sua mão em meu rosto num gesto carinhoso. - Eu só quero te ajudar. Por favor, deixe-me fazer isso.

- Por isso estamos aqui? Pra eu superar? - Me afastei do seu toque.

- Não. Na verdade esse não é o real motivo, mas por incrível que pareça estamos alguns minutos adiantados para o que tenho em mente. Então talvez você queira fazer outra coisa ou ir em outro ligar... você é quem sabe.

Eu o olhei sem saber o que dizer. Ainda não tinha caído minha fixa de que eu estava em Santa Teresa. Depois de sete semanas... talvez fosse apenas um sonho. Mas tudo estava tão real...

Afinal o que eu queria? Eu nem sequer sabia se queria estar ali!

- Ou nós podemos voltar também. - Diogo disse, mas pelo seu tom de voz eu soube que não era isso o que ele queria. - É você quem sabe, Luna. Só me diga o que você quer e será feito.

- Luna! - Antes de eu ter a chance de responder alguém me chamou por trás, me fazendo virar num impulso. -Oh meu Deus!

Um homem alto com cerca de 30 anos veio correndo pra mim. A pele morena bronzeada e o cabelo tão escuro quanto os olhos me fizeram reconhecê-lo instantaneamente.

- Minha menina, eu não acredito! - Ele disse me envolvendo em seus braços, pegando Diogo totalmente de surpresa. - Que saudade nós sentimos de você!

Aquele abraço era tão familiar pra mim que por um momento eu me esqueci de respirar, imaginando que talvez eu tivesse mesmo sonhando.

- Tio Davi. - Eu disse e sorri. - É bom te ver também.

- Bom?! - Ele me soltou e segurou meu rosto entre as mãos. - É ótimo, é maravilhoso te ver! - Então me abraçou de novo. - Essa cidade não é a mesma sem você, minha garota!

- Luna! - Dessa vez foi uma mulher, que saiu da mesma mercearia em que tio Davi tinha saído e veio ao meu encontro também. - Minha nossa, é você mesmo!

Ela tinha o cabelo castanho claro e era praticamente da minha altura. Seus olhos azuis eram o contraste ideal em seu rosto branco como uma vela.

Ela me abraçou no mesmo segundo em que tio Davi me soltou. Era óbvio que Diogo não estava entendendo merda nenhuma do que se passava ali.

- Tia Luara! - Dessa vez meus olhos se encheram de lágrimas. Ah... quanta falta eu senti da minha vida naquele momento. - Senti saudades.

- Oh querida, eu também. - Ela me deu um beijo estalado na bochecha. - Por onde você andou? Não te vejo desde o enterro!

Apostas do destinoWhere stories live. Discover now