Capítulo 35 - Parte II

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A expressão de Diogo permaneceu passiva enquanto ele esperava resignadamente eu estar pronta o suficiente para contar algo que até aquele momento eu desejava com todas as minhas forças esquecer.

- Você tem razão. - Comecei finalmente olhando para minhas mãos. - Um cara como você jamais se daria o trabalho de correr atrás de uma garota... a menos que ele fosse incentivado.

Diogo não respondeu, mas mesmo sem ver, eu sabia que suas sobrancelhas estavam franzidas.

Tomei uma longa respiração para prosseguir, então comecei a lhe contar sobre a aposta. Se era pra contar tudo, então nada melhor do que começar pelo começo.

- Eu sinto muito... - Ele disse quando terminei, como se se sentisse humilhado em nível máximo.

Dei de ombros, mais indiferente do que eu imaginava que poderia estar.

- Você recebeu o que merecia. - Deixei um sorrisinho preguiçoso rastejar por meus lábios. - Garanto que o preço que você pagou por isso não foi baixo.

- O que aconteceu? - Ele perguntou curioso.

- Você se apaixonou.

- Ah... - Foi só o que conseguiu emitir, o que me fez sorrir mais abertamente.

Ele não disse sequer uma palavra quando contei como conheci Nicolas. Nem quando eu lhe disse que ele se tornou meu melhor amigo ou quantas foram as vezes que ele me aconselhava a me afastar do homem que só queria machucar meu coração. Diogo apenas ouvia em silêncio, e eu percebi quais eram as partes da história que ele não gostava quando ele desviava os olhos de mim e endurecia sua postura.

Dei a ele mais detalhes sobre o que aconteceu no dia do casamento de sua mãe e ele riu de si mesmo quando soube que furtou o carro do seu padrasto.

- A partir disso nós não nos separamos mais. - Completei. - Você me levava pra escola e da escola pra casa todos os dias. Foi inédito pra todo mundo nos ver juntos no começo, mas no fim eles acabaram se acostumando.

- Incluindo seu melhor amigo? - Eu não pude deixar de notar o sarcasmo em sua voz, mas ignorei.

- Incluindo o Nicolas. - Concordei. - Vocês se odiavam, isso era um fato... mas passaram a se respeitar por mim.

Ele se mexeu.

- Isso significa que nosso amor por você era maior que nosso ódio um pelo outro outro.

Eu o olhei e não notei sequer um pingo de ironia em seu rosto, o que me levou a notar que ele tinha razão. No fim, o amor deles por mim venceu o ódio que sentiam entre si.

Soltei um breve sorriso antes de desviar o olhar para a chuva que agora havia se tornado um leve chuvisco, e retomei a história como ponto de partida a ideia do Nicolas em me dar uma festa de aniversário.

- Um dia antes da festa... você me trouxe aqui. - Eu disse segurando o delicado pingente da casa da árvore, sentindo um nó se formar lentamente em minha garganta. - Estava tudo tão bem. Você disse que ela seria nossa casa porque se tornava solitária para apenas uma pessoa. Você me fez sentir única no mundo... especial. - Fiz uma pausa e respirei fundo. - Naquela noite você conseguiu cumprir sua parte da aposta.

- Não precisa me contar sobre isso, Luna.

- Tudo bem. - Eu disse, e realmente estava. - Você tem o direito de saber.

- Não se for difícil demais pra você.

Olhei para ele e sorri.

- Essa parte não foi difícil pra mim, foi uma das melhores noites da minha vida. Você parecia ter criado um mundo só nosso onde nada nem ninguém mais existia.

Apostas do destinoWhere stories live. Discover now