Capítulo 31

27.8K 3K 1K
                                    

Sabe quando o mundo parece parar de girar, os segundos se congelam e sua respiração simplesmente trava, incapaz de permitir que o oxigênio entre em seu pulmão? Eu me senti assim.

Congelei, olhando para nossas mãos unidas esperando que, de alguma forma, a mão dele fosse se mover mais do que já tinha se movido. Mais do que um aperto... apenas pra provar que eu definitivamente não podia pensar que Diogo seria capaz de me abandonar.

Meus olhos começaram a ficar embaçados anunciando novas lágrimas a caminho, mas eu não sabia se era de emoção ou simplesmente porque eu não conseguia piscar. Todos os meus músculos estavam congelados. Todos.

- Luna? - Ouvi Carlos abrir a porta novamente, mas não me mexi. - Por favor, você precisa sair...

- Ele me ouviu. - Minha voz saiu tão fraca, que nem eu mesma a reconheci.

- O que?

- Ele... me ouviu. - De alguma forma, consegui mover minha cabeça para olhar o doutor parado na porta. As lágrimas escorreram. - Ele apertou minha mão.

Ele apertou minha mão...

É isso. Tudo terminaria bem... porque ele apertou minha mão.

- Ele apertou minha mão. - Repeti sorrindo, chorando, sentindo essas simples quatro palavras arrastar para longe toda a dor que se apoderava de mim. - Ele apertou minha mão!

Carlos olhou para o corpo inerte sobre a cama, então se voltou pra mim.

- Isso é impossível, Luna. Você apenas achou que sentiu, mas os exames provaram que ele está totalmente inconsciente.

- Não. - Balancei a cabeça para os lados e olhei para Diogo, acariciando seu rosto com a mão livre. - Oh, Deus... ele me ouviu. Ele não vai me deixar também... não vai me abandonar.

- Luna... - Carlos parecia vacilar entre a ideia de vir até mim ou tentar encontrar algo pra dizer. - Olha, eu sinto muito, mas isso é comum vindo de parentes próximos. É um tipo de ilusão que faz a pessoa acreditar que ainda há salvação para seu ente querido, mas na verdade, ele...

- Não! Diogo não está morto! - O desespero começou a voltar. - Eu juro, Carlos! Ele apertou minha mão, ele me ouviu!

- Mas o que está acontecendo aqui?! - O médico que estava com Karen entrou no quarto junto com ela.

- Ele apertou a minha mão, ele me ouviu! - Era só o que eu conseguia dizer entre lágrimas, mas agora elas não eram mais de alegria.

Diogo não estava morto. Ninguém iria tirá-lo de mim.

O médico olhou para Carlos com o olhar interrogativo.

- Eu não sei dizer o que aconteceu, doutor Rubens. Ela disse ter sentido o paciente apertar a mão dela, mas você viu os exames. Isso é impossível.

- Karen. - Eu olhei pra ela, sentindo o desespero se alastrar novamente dentro de mim como uma febre. - Você têm que acreditar em mim, eu não estou mentindo!

Karen piscou olhando para o filho deitado na cama.

- Nós não achamos que você esteja mentindo, Luna, mas... - Carlos começou a falar, mas Rubens o interrompeu.

- Eu vou ser sincero com você, garota. Seu namorado já está morto. Essas máquinas o mantém respirando, mas o cérebro dele não funciona mais, você entende? É impossível ele ter apertado sua mão porque. Ele. Está. Morto.

Olhei novamente para Karen e vi uma lágrima se desprender dos seus olhos.

- E se você estiver errado? - Perguntei me voltando para Rubens, ainda abaixada segurando a mão de Diogo entre as minhas. - E se ele tiver mesmo apertado minha mão? O que isso significaria?

Apostas do destinoWhere stories live. Discover now