Capítulo 28

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- Você... sabe? - Falei automaticamente.

Vovó ficou um tempo me olhando, como se de repente tivesse se arrependido do que tinha falado.

- Eu não sei o nome, mas conheço o rosto. - Ela finalmente disse devagar, escolhendo as palavras. - Eu sei quem é.

- Como ele é? - Insisti.

- Sinto muito, meu bem, mas isso eu não posso te dizer.

Franzi levemente minha testa.

- Como é que é?

- Eu não devia nem ter falado que eu sei... eu não tenho o direito. Isso faz parte do seu destino, eu não posso me intrometer.

Por algum tempo eu não soube o que responder.

- É alguma pegadinha?

- Não, Luna. Existem coisas que eu não posso revelar, mesmo sendo assim tão importantes...

- Vovó, ele era meu pai! Eu tenho o direito de saber quem o matou!

- E você vai saber. - Ela falou quase apavorada, em tom de defesa. - Mas não por mim...

Fiquei a olhando por um tempo, tentando colocar meus pensamentos em ordem.

Meu pai foi assassinado. Fato. Depois de um mês com a certeza de que o culpado era Diogo, vovó me diz que eu estou errada. Okay. Ela sabe definitivamente quem foi o assassino, mas não quer me contar.

Como ela pode fazer isso?

- Você está mentindo. - Falei baixo.

- Não, Luna. Eu não estou. Eu não sou mentirosa.

- Parece que o dinheiro dele foi capaz de mudar seu caráter, então.

Vovó arregalou os olhos como se o que eu disse foi a coisa mais absurda que ela já ouvira.

- Foi isso, não foi? Ele te pagou pra mentir pra mim.

- Luna, você não está entendendo, me escuta... - Ela se aproximou pra segurar minha mão de novo, mas eu me levantei de repente me afastando dela.

- Você não sabe de nada! Não tem dom nenhum! Tudo o que você faz é enganar as pessoas em troca de dinheiro! - Eu estava gritando como um louca, como se minha vida dependesse disso. - Você não se importa com ninguém, não é? Nada importa pra você, apenas você mesma!

- Querida, você não sabe o que está dizendo... - Ela se levantou pra se aproximar, mas eu me afastei de novo.

- Fique longe de mim! - A essa altura minha voz já estava embargada por causa das lágrimas que eu estava lutando pra esconder.

Engoli em seco e respirei.

- Ele era seu filho. - Falei mais calma dessa vez. - Que tipo de humana você é, vovó...? Que tipo de mulher é capaz de mentir pelo assassino do próprio filho em troca de dinheiro?

As lágrimas escorreram, mas eu fingi não notar.

- Se ele estivesse vivo, teria vergonha de você. Meu pai era maravilhoso... ele não merecia uma mãe assim.

Ela não disse nada. Devia estar chocada demais por eu ter descoberto tudo tão rápido.

Me virei e fui para o meu quarto, me esforçando mais que o necessário pra manter minhas pernas firmes.

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Meu travesseiro estava molhado pelas lágrimas, mas ainda assim elas não paravam de escorrer.

Apostas do destinoWhere stories live. Discover now