Capítulo 24

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Fiquei olhando a porta fechada por onde ela havia saído tentando colocar meus pensamentos em ordem por alguns segundos, mas antes que eu conseguisse, a porta se abriu de novo.

- Piranha deslavada, será que você pode... - Sofia parou de falar quando olhou meu rosto. Ela já estava perto o suficiente para se sentar na cadeira, mas parou, congelada em seu lugar. - Luna? Você está bem? Parece que viu um fantasma.

Eu a olhei com a respiração entrando e saindo com dificuldade pela minha boca entreaberta. Estava difícil me concentrar em uma base de pensamento lógica. Tudo estava embaralhado demais em minha mente, formando uma bola de fatos e verdades que eu jamais imaginei que pudessem existir.

- Luna, você está pálida... - Sofia disse se aproximando de mim. Agora eu pude perceber a preocupação e agonia em sua voz. - Sua mãe fez alguma coisa? O que aconteceu?

Mas eu não conseguia responder. O que ela dizia não fazia sentido, porque... eu não tinha uma mãe. Minha mãe estava morta. Meu pai estava morto. Diogo matou ele. Diogo não me amava... eu tinha sido apenas mais uma na vida do assassino do meu pai. Eu precisava de conselhos. Conselhos de mãe, mas ela não podia me dar. Não, ela não podia porque morreu no parto. Quando me deu a luz. Ela morreu por minha causa. Eu... a matei.

- Luna, fala comigo... - Sofia insistiu, mas eu mal escutei sua voz.

Lentamente minha cabeça se tornou pesada demais para ser sustentada em cima do meu pescoço. Meus pensamentos ficaram nebulosos, minha visão escureceu. Eu não pensei em mais nada e me deixei cair para trás, sem nenhuma condição de controlar meu corpo ou minhas ações, porém ainda pude ouvir Sofia gritar meu nome em pleno desespero antes de ficar completamente inconsciente.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

- Ela está em estado de choque. - Ouvi uma voz masculina dizer, mas estava tão longe que eu imaginei se seria um sonho. - Algo aconteceu. Ela deve ter recebido alguma notícia ou presenciado uma cena forte demais e não aguentou. Ela vai ficar bem, é só questão de tempo.

- O que aquela bruxa fez com você, amiga? - Agora era a voz de Sofia, mas estava igualmente distante.

- Vou tentar ligar pra ela de novo. - Reconheci a voz de Nicolas.

- Não adianta. - Sofia retrucou. - Eu já tentei mais de dez vezes. Ela não atende.

- Ela não pode simplesmente ter desaparecido. - Nicolas voltou a falar.

- Bem... parece que foi exatamente isso o que ela fez.

Eu apaguei de novo.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

- Você não pode me impedir de vê-la! - Uma voz assustadoramente familiar penetrou meus ouvidos, chegando como um furacão em meu cérebro.

Diogo?!

Tentei abrir meus olhos, mas todos os músculos do meu corpo se recusavam a obedecer meus comandos.

- É por sua causa que ela está aqui! - Ouvi uma Sofia furiosa gritar, como se estivesse prestes a esbofeteá-lo.

- Me deixe falar com ela, ela precisa me ouvir!

- Você não tem esse direito. Olhe só pra ela! Veja o que você fez!

- Sofia, por favor, eu preciso de uma segunda chance.

- O que você está fazendo aqui? - Agora era Nicolas, que estava surgindo sabe-se lá Deus de onde.

- Não. O que você está fazendo aqui? - Diogo perguntou irado.

- Eu não te devo satisfações. E posso garantir que ela não quer ver você agora.

Apostas do destinoWhere stories live. Discover now